Título: PSDB teme que tensão ajude Marta
Autor: Agostine , Cristiane
Fonte: Valor Econômico, 26/08/2008, Política, p. A9

A tensão entre as candidaturas de Geraldo Alckmin (PSDB) e de Gilberto Kassab (DEM) na disputa pela Prefeitura de São Paulo aumentou com a divulgação das últimas pesquisas de intenção de voto e as equipes de campanha preocupam-se com as dificuldades que terão para se aproximarem no segundo turno. O receio é que o racha beneficie ainda mais a campanha de Marta Suplicy (PT) e facilite uma vitória no 1º turno.

A divergência entre os tucanos sobre qual candidatura apoiar não foi contornada. O crescimento de Kassab e a queda de Alckmin no último levantamento do Datafolha preocupou as duas campanhas. A dos tucanos, por ver que o candidato está perdendo eleitores para o prefeito e a de Kassab por saber que Alckmin elevará o tom das críticas. Ontem, um dos principais articuladores da aproximação entre DEM e PSDB, o secretário municipal Walter Feldman, licenciou-se do cargo por dez dias para engajar-se na campanha municipal.

Feldman, tucano que apóia o prefeito, classificou como um erro político as críticas de Alckmin a Kassab, porque vão dificultar a aproximação de ambos no segundo turno. "A situação está muito tensa e não podemos ficar à beira de um ataque de nervos. É muito difícil reduzir os danos desse processo. Só vai ter apoio no segundo turno se não houver ressentimentos e mágoas muito profundas", comentou. "A única que está ganhando com isso é Marta."

A campanha de Alckmin, entretanto, não pretende abafar as críticas aos tucanos que apóiam Kassab. Segundo o coordenador da campanha de Alckmin, Edson Aparecido, esses tucanos "estão contaminados" e a candidatura do PSDB continuará atacando as deficiências da prefeitura. "Não tem como não falar dos desafios da cidade. Alckmin não é um candidato autista e não vamos mudar nossa estratégia". Segundo ele, as divergências dentro do PSDB não afetarão o desempenho do candidato "porque o eleitor não está interessado nisso". Aparecido evita falar sobre os desdobramentos do conflito no segundo turno.

Sem o engajamento do governador José Serra (PSDB) em sua campanha, Alckmin minimizou a importância da participação do governador e disse que não tem "efeito prático". "A população já sabe que somos do mesmo partido."

Na propaganda que foi ao ar no horário eleitoral gratuito, Alckmin citou indiretamente Kassab e Serra, ao dizer que os dois políticos foram beneficiados por suas ações quando era governador de São Paulo. Segundo Alckmin, foi ele o responsável pelo repasse de recursos para a prefeitura paulistana, comandada por Serra e Kassab.

A candidatura de Kassab exibiu o resultado do Datafolha e destacou que a diferença entre ele e o candidato do PSDB caiu pela metade. Kassab criticou Marta, com ameaças de que os principais programas da prefeitura vão parar se a petista ganhar. "Deixa o Kassab aí", dizia um jingle semelhante ao "Deixa Marta trabalhar".

O PT também usou a pesquisa do Datafolha e mostrou que Marta tem mais votos do que Alckmin e Kassab juntos. Em primeiro lugar nas pesquisas, a petista evitou criticar seus adversários. A campanha ressaltou que a petista assumiu a prefeitura "na pior crise que São Paulo já teve", mas que "não ficou jogando pedra" nas administrações passadas. "Ela trabalhou, trabalhou, trabalhou e venceu a crise." (Com agências noticiosas)