Título: Ameaças graves à saúde
Autor: Ribas, Sílvio
Fonte: Correio Braziliense, 06/03/2011, Economia, p. 10

Comprar carne vinda de abatedouro clandestino pode implicar em sérios riscos à saúde do consumidor, podendo até levá-lo à morte. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), estão identificadas hoje mais de 200 doenças transmissíveis via carne contaminada. No Brasil, apesar de haver legislação rigorosa e constantes denúncias de abates sem inspeção, o descontrole sanitário é uma realidade reconhecida pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e por governos estaduais.

O comércio ilegal promovido por milhares de estabelecimentos, sobretudo em pequenos municípios contraria todas as regras de higiene e coloca a população em risco permanente. Especialistas em vigilância sanitária informam que, das enfermidades mais comuns que a carne sem selo de qualidade pode carregar, destacam-se a brucelose, a salmonela e até a tuberculose.

Mas onde não há qualquer tipo de fiscalização ou condições técnicas para o abate de animais, pode ocorrer ainda contaminações graves como botulismo, aftosa e raiva. A pior doença que pode ser transmitida pelo boi é a cisticercose, uma fase intermediária da ¿solitária¿, que se instala no cérebro das pessoas provocando cegueira, surdez e distúrbios neurológicos. Esse parasita pode também atacar coração, fígado e pulmões.

Técnicos do Mapa lembram ainda que abatedouros clandestinos também agridem o meio ambiente, uma vez que seus dejetos são atirados em rios e córregos ou simplesmente apodrecem ao ar livre. Enquanto a carne bovina ainda tem longo caminho a percorrer para universalizar sua vigilância sanitária de elevado padrão, a cadeia produtiva da carne ovina começa a se organizar para evitar problemas futuros. O Ministério da Agricultura acaba de aprovar modelo de abatedouros de pequeno porte apresentado pelo próprio setor. (SR)