Título: Juro médio dos bancos volta a subir e atinge 39,4% ao ano em julho
Autor: Ribeiro , Alex
Fonte: Valor Econômico, 26/08/2008, Finanças, p. C2
Os juros médios dos empréstimos bancários subiram em julho, pelo terceiro mês seguido, chegando a 39,4% ao ano, ante 38% ao ano observados em junho. O encarecimento do crédito é provocado pelo aperto na política monetária promovido pelo Banco Central a partir de abril.
Os juros básicos, que desde então subiram de 11,25% para 13% ao ano, afetam os juros bancários por dois canais. Primeiro, pela elevação dos custos de captação dos bancos. Segundo: o aperto monetário leva os bancos a aumentarem as margens brutas dos empréstimos para fazer frente a uma possível elevação da inadimplência, quando se confirmar o cenário de desaceleração da economia e aumento das taxas de desemprego.
Entre junho e julho, o custo médio de captação dos bancos subiu de 13,5% para 13,8%, refletindo o aperto monetário feito pelo BC. Desde março, um mês antes de o BC iniciar o ciclo de contenção monetária, o custo de captação dos bancos aumentou 1,6 ponto percentual (pp).
Além do custo de captação, houve uma importante alta no chamado "spread" bancário, ou seja, a margem bruta dos bancos, representada pela diferença entre os custos de captação e os juros cobrados dos clientes. O "spread" passou de 24,5 pp para 25,6 pp entre junho e julho.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, diz que, embora as taxas de inadimplência se mantenham estáveis, os bancos se preparam para um ambiente de maior risco. "Os clientes estão buscando crédito com custos mais elevados, por isso os bancos embutem nos juros um risco de maior inadimplência", afirma Lopes. Entre junho e julho, a taxa de inadimplência teve um ligeiro aumento, passando de 4% para 4,2% das operações.
A alta dos juros bancários atinge tanto empréstimos a pessoas físicas como a empresas. No caso do crédito às famílias, os juros médios passaram de 49,1% para 51,4% ao ano, taxa mais alta desde junho de 2007. No caso dos empréstimos às empresas, os juros subiram de de 26,6% para 27,5% ao ano, maior percentual desde agosto de 2006.
Entre as operações com pessoas físicas, o cheque especial foi a que mais subiu, passando de 159,1% para 162,7% ao ano entre junho e julho. Também tiveram alta representativa os juros de financiamentos para a aquisição de veículos (31,1% para 33,5%) e o crédito pessoal (51,4% para 53,6%). No crédito a empresas, os juros subiram mais nas operações de "hot money", cujas taxas passaram de 47,8% para 50,7%.