Título: Número de consumidores livre fica estável
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 26/08/2008, Empresas, p. B8

A alta do preço da energia no mercado livre no início do ano afugentou alguns consumidores chamados livres. Em compensação, outros entraram no sistema e o resultado é um saldo líquido estável em 2008. Segundo dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), em dezembro de 2007 eram 674 os consumidores livres. Em junho, o número ficou em 676. O presidente da CCEE, Antônio Machado, diz que em termos percentuais o nível de consumo livre, se comparado a todo o sistema, mantém-se em 17%.

Os preços de liquidação de diferenças (PLD) chegaram à casa dos R$ 570 no início do ano e foi esse alto valor que provocou inadimplência. Algumas comercializadoras se negaram a registrar a energia que venderam, e não tinham, na CCEE. Alguns consumidores tiveram de comprar a energia, que já tinham contratado no longo prazo, mais cara. E ainda tiveram de ir para a Justiça para tentar reaver o dinheiro. Mas esse é um problema que comercializadoras e a própria CCEE tendem a mitigar, com novas regras. A Ecom, por exemplo, passou a vender energia de longo prazo com a auditoria da Price.

De qualquer forma, depois de janeiro o preço já oscilou bastante, em função do nível das chuvas - que é um dos principais fatores que afetam o preço no curto prazo. Na semana passada, a média estava em R$ 74, a menor desde 2006, em função da quantidade atípica de chuvas do mês de agosto, principalmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. Mas este é um preço médio ponderado, já que há diferença entre as regiões e entre os tipos de energia.

O PLD entretanto é só uma referência do preço de energia de curto prazo, segundo explica Mateus Andrade, da Delta Comercializadora. Ele só é usado na liquidação, ou seja, quem tem energia sobrando recebe e quem precisa comprar paga o preço. Quando o consumidor compra no mercado, normalmente paga o PLD mais um spread. Alguns contratos chegam a atrelar o preço à variação do PLD.

É no mercado livre também que as distribuidoras compram energia caso não tenham feito corretamente as estimativas de sua demanda e por isso não tenham contratado o suficiente nos leilões realizados pelo governo. Já as geradoras de energia também incrementam suas receitas nesse segmento. Elas podem vender energia a mais quando o preço interessa, como aconteceu no início do ano. E alguns consumidores chegam a parar fábricas para vender energia no mercado livre, quando os preços sobem.

Os preços no mercado livre tendem a subir mais do que no cativo, segundo avaliação da agência de classificação de risco Moody's. Isso ocorre porque os contratos são mais curtos do que aqueles fechados no mercado cativo. "O consumidor livre vai pagar mais", diz José Soares, dentro da avaliação de que o preço da energia vai continuar subindo nos próximos anos.