Título: Mais abertos a assumir riscos, jovens apostam no mercado de ações
Autor: Cristino, Vânia
Fonte: Correio Braziliense, 06/03/2011, Economia, p. 14

SEU BOLSO Número de investidores de 16 a 25 anos na BM&FBovespa sobe 22,34%

Aplicar em ações pode ser um mistério para muita gente, mas não é nenhum bicho de sete cabeças para os jovens. A geração com idade entre 16 e 25 anos cresceu num país com baixa inflação e está acostumada com as novas tecnologias. Como tem muito tempo pela frente, ela pode arriscar mais. É o que prova a taxa de crescimento desses investidores na Bolsa de Valores de São Paulo, que foi de 22,34% em 2010. O número de cadastrados passou de 30.003 em janeiro do ano passado para os atuais 36.706.

Desse total, 29.020 são homens e 7.686 são mulheres. A tendência, para os próximos anos, é que esse contingente aumente cada vez mais. ¿A bolsa está numa grande campanha de popularização do mercado, com o objetivo de contar com cinco milhões de investidores pessoas físicas. O ingresso dos jovens foi facilitado pela possibilidade de a compra e a venda de ações poderem ser feitas via internet¿, diz Amerson Magalhães, diretor do Easynvest, plataforma de negociação da Título Corretora de Valores.

Na avaliação dele, o perfil do jovem é assumir um risco maior na hora de aplicar recursos. ¿Ele tem tempo para errar e conseguir acertar posteriormente¿, observa. Além disso, como a maioria ainda mora com os pais, possui alguma folga no orçamento. Nada melhor então do que investir a mesada ou parte do dinheiro do estágio ou do primeiro emprego num tipo de aplicação que, mesmo envolvendo riscos, pode ser bem mais vantajoso do que a poupança ou os fundos de renda fixa.¿

De olho nesse nicho do mercado, a Título lançou o programa de educação financeira Começando do Zero. A receptividade foi tão boa que a corretora resolveu manter o projeto neste ano. ¿Nossa educação financeira é falha. Os jovens não têm acesso a informações sobre finanças nem na escola nem na faculdade¿, constata Magalhães.

O curso é on-line e pode ser feito por jovens de todo o país, com idades entre 18 e 23 anos. A duração é de três horas. Para ter acesso, basta entrar no site www.easynvest.com.br, fazer o cadastro e assinar o termo de adesão. A pessoa será habilitada, ganhará código e senha, devendo completar o treinamento em 30 dias após a adesão. Durante 12 meses, qualquer aplicação estará isenta das taxas de corretagem e da bolsa. A Título arca com as despesas porque acredita que está investindo em futuros clientes.

Dicas Para começar a operar no mercado de capitais, Magalhães dá algumas dicas. Primeiro, é preciso entender a empresa e o setor de interesse. ¿Quem compra ações está se tornando sócio da empresa. Não dá para fazer isso porque ouviu dizer que tal papel vai subir¿, ensina. Também é bom ter em mente o horizonte de tempo para o investimento, que nunca deve ser inferior a um ano ¿ de preferência, mais do que cinco anos.

¿O jovem não deve comprometer na Bolsa o recurso que precisará para uma despesa a curto prazo¿, ensina. Para começar, é também preciso já contar com uma poupança prévia de pelo menos R$ 1 mil. E nunca, em hipótese alguma, aplicar tudo em empresas de um mesmo setor.

O analista de infraestrutura Jonathas Assunção, 27 anos, iniciou cedo a vida de investidor. Aos 17, ele já aplicava o dinheiro da mesada na Bolsa de Valores. ¿No início, levava muito prejuízo, mas quando você estuda, o risco diminui¿, avalia. Contente com o sucesso que vem obtendo, Assunção tem planos de abrir um negócio no segundo semestre do ano. ¿A empresa fará consultoria para quem deseja aprender como aplicar na bolsa. Nós também vamos cuidar do dinheiro de quem não tem interesse em conhecer o mercado.¿

O administrador Bohumil Ladiflav Bartonicek, 21 anos, começou a investir na bolsa aos 18. ¿Meu pai me ofereceu R$ 1 mil e eu iniciei as operações. Em pouco tempo, já tinha R$ 11 mil. Aí tomei gosto. É bom ver o dinheiro render¿, declara. Bartonicek reserva pelo menos 20% de seu salário para as aplicações. ¿Minha meta é chegar aos 35 anos sem ter retirado nada. Depois, vou ter liberdade financeira para fazer o que gosto, sem me preocupar com renda. Ele acompanha as cotações principalmente pelo celular. ¿Graças à tecnologia, não perco um movimento.¿