Título: Cresce interesse de compra do private equity
Autor: Lucchesi, Cristiane Perini
Fonte: Valor Econômico, 28/08/2008, Finanças, p. C1

A queda nos preços das ações das empresas brasileiras tornou seus múltiplos e preços mais atrativos, atraindo mais o interesse de fundos de "private equity" internacionais, segundo Rodolfo Riechert, responsável pelo banco de investimento do UBS no Brasil. Ele citou como exemplo os fundos KKR, Apollo, Warburg Pincus e General Atlantic, que pretendem aumentar suas compras no mercado brasileiro.

De acordo com Riechert, as empresas médias, mesmo as com bons resultados e rentabilidade, perderam mais valor de mercado do que as grandes por causa da procura pela liquidez do investidor neste momento de crise no mercado internacional. "Houve uma redução na exposição ao risco e as empresas médias sofreram mais por causa do efeito manada", acredita ele.

Com isso, cresceram as oportunidades de compra para os fundos de "private equity" e para os fundos especializados em ações de empresas de pequeno valor de mercado, os chamados fundos de "small caps", que devem crescer sua participação no mercado, diz Riechert.

"As empresas menores estão mais subavaliadas do que as blue chips", acredita. "A relação entre o preço e o lucro dessas empresas está mais defasada, permitindo maiores oportunidades de entrada do que na época das emissões iniciais de ações", afirma.

O executivo diz que os fundos de "private equity", que compram participações em empresas para depois vendê-las com lucro, estão procurando oportunidades de negócios de não menos do que US$ 100 milhões. Querem comprar fatias de empresas de capital aberto ou fechado e impulsionar seu crescimento. O valor das empresas em bolsa é sempre um dos parâmetro levados em consideração nas operações de aquisições mesmo de companhias de capital fechado.

Ele vê o momento atual também como oportunidade para compra e venda de empresas listadas em bolsa, movimento que vai impulsionar mais as fusões e aquisições. Cita como exemplo a Totvs, que está comprando a Datasul com ajuda de R$ 404 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, e a compra da MMX pela americana Anglo. Também citou a possível aquisição da Brasil Telecom pela Telemar Oi, com ajuda de R$ 2,4 bilhões do BNDES, e as negociações do Banco do Brasil para compra da Nossa Caixa.

Todas essas operações, no entender do executivo, vão movimentar os bancos de investimento no Brasil, afirma. Riechert informa que não vai repor as nove pessoas que deixaram o banco de investimento do UBS com o ex-presidente no Brasil e na América Latina, André Esteves, em junho. De acordo com o executivo, eles atuavam principalmente na tesouraria. "Os bancos em todo o mundo, por causa da crise de hipotecas americanas, estão reduzindo a exposição de suas tesourarias ao risco", afirma. Dessa forma, o dinheiro para o time administrar foi reduzido, tornando desnecessária equipe maior do que a que restou no banco.

Também os cinco funcionários que deixaram o banco em março e foram para a Merrill Lynch com Alexandre Bettamio, ex-co-responsável pelo banco de investimento do UBS, não serão repostos. "Mesmo com as saídas, temos uma das maiores equipes do mercado brasileiro", afirmou o executivo. São 35 funcionários, de acordo com ele.