Título: Usinas de MG reduzem moagem de cana e produção de açúcar cai
Autor: Jorge ,Danilo
Fonte: Valor Econômico, 27/08/2008, Agronegócios, p. B11

Martins, presidente do Sindaçúcar, disse que a demanda por etanol cresceu A chegada tardia da temporada de chuvas e o atraso no atendimento das encomendas de máquinas e equipamentos das usinas de açúcar e álcool levaram o setor sucroalcooleiro de Minas Gerais a rever para baixo as estimativas da moagem de cana para esta safra, a 2008/09. A colheita deverá ser 4,65% menor do que a prevista inicialmente, caindo de 43 milhões de toneladas para 41 milhões de toneladas.

Com essa redução, a produção de açúcar será a mais afetada. A projeção é que o volume passe de 2,6 milhões para 2,2 milhões de toneladas, perfazendo perda de 15,38%. A de etanol também vai cair, mas em ritmo menos acentuado, alcançando 2,023 bilhões de litros - 1,8% abaixo dos 2,060 bilhões de litros previstos antes.

Mesmo com essa revisão, a safra de cana esperada será maior do que a do ano passado. A expectativa é de que a colheita suba 14,77% em relação aos 35,7 milhões de toneladas de 2007/08. A produção de açúcar e álcool também deverá aumentar 3,89% e 13,86%, respectivamente.

"A oferta será maior, mas o comportamento dos preços ao consumidor será determinado pelo mercado", disse Luiz Custódio Cotta Martins, presidente do Sindaçúcar e Siamig, entidades que reúnem as usinas sucroalcooleiras de Minas Gerais.

Segundo Cotta Martins, a menor produção de açúcar não decorrerá apenas da decisão das usinas de destinar maior volume de cana para atender à crescente demanda por etanol. Pesou também a qualidade da safra atual. Como as chuvas vieram mais tarde, ficando concentradas entre o final de abril e início de maio, as lavouras apresentaram menor teor de sacarose. "Essa será uma safra pobre, com queda de 4,5% na qualidade da matéria-prima", afirmou ele.

Mas o principal fator de expansão da produção de etanol, segundo Martins, decorre mesmo da ampliação vigorosa da demanda, muito em parte ao aumento da frota de veículos flexfuel, cujas vendas subiram 36% entre janeiro e julho na comparação com o mesmo período de 2007. "Desde o ano passado estamos produzindo menos açúcar, porque o consumo de álcool combustível está aquecido", observou Martins.

A revisão para baixo da safra mineira não deverá afetar o desempenho esperado para a produção nacional, segundo ele, que mantém a projeção para uma colheita de 498 milhões de toneladas em 2008/09.

O presidente do Sindaçúcar anunciou ainda o protocolo recém firmado entre o setor sucroalcooleiro de Minas Gerais com o governo estadual com vistas a reduzir as queimadas, seguindo as determinações do decreto federal 2.661/1998, que estabelece prazo até 2018 para a adequação das empresas. Os acordos em Minas Gerais prevêem a eliminação das queimadas até 2014 nas propriedades com declividade inferior a 12%.