Título: Maduro e contido
Autor: Fleck, Isabel
Fonte: Correio Braziliense, 06/03/2011, Mundo, p. 18

Com uma postura mais ponderada e menos comprometida com os líderes próximos, o Brasil só tem a lucrar, defendem os os especialistas ouvidos pelo Correio. ¿O país ganha credibilidade, pois passa a ideia de maturidade¿, afirma Marcos de Azambuja, vice-presidente do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri). Ele não critica a atuação do governo anterior no conteúdo, mas na ¿exuberância excessiva¿. Isso não deve acontecer no governo Dilma, que, segundo ele, não tem ¿vocação histriônica¿.

O embaixador Luiz Felipe Lampreia, chanceler do governo Fernando Henrique Cardoso, classifica como ¿corretas¿ a reação do Brasil a eventos tão distantes e a preocupação do Itamaraty com a situação dos brasileiros na região. ¿A gestão anterior tinha uma posição disparatada, que não era realista, em relação ao Oriente Médio¿, afirma.

Apesar da escolha por uma atuação menos expressiva, o tom das declarações subiu nas reações brasileiras em relação ao Egito e à Líbia. Enquanto na primeira situação, destacou-se a expectativa de uma ¿transição política dentro do respeito às liberdades civis¿, na última, o chanceler Antonio Patriota condenou a ¿inadmissível¿ violência contra os manifestantes. Para Cristina Pecequilo, professora da Universidade Federal de São Paulo, o fato de o Brasil ¿ como líder do Conselho de Segurança neste mês ¿ ter ¿patrocinado¿ o texto do grupo que condenou a repressão da Líbia e convocado uma reunião para debater o tema mostra que a diplomacia caminha para deixar esse tipo de ação no campo multilateral. ¿O que está prevalecendo agora é uma postura de não ingerência mesmo.¿ (IF)