Título: Orçamento autoriza estatais a contratar 15 mil no próximo ano
Autor: Izaguirre , Mônica
Fonte: Valor Econômico, 01/09/2008, Brasil, p. A4

A expansão das atividades das empresas estatais federais demandará, em 2009, a contratação de pelo menos 15,6 mil novos trabalhadores, segundo números informados ao Congresso, no projeto da lei orçamentária da União. Só o Grupo Petrobras prevê admitir 6.932 pessoas, 5.435 das quais apenas na empresa holding.

Não estão nessa conta os empregados que o principal grupo empresarial sob controle do governo federal vai herdar em decorrência de processos de incorporação de empresas em andamento, como a do Grupo Ipiranga. Considerado o aumento de pessoal decorrente dessas aquisições, o número de empregados das estatais federais e suas controladas chegará no fim do próximo ano a 442,49 mil, 25,13 mil a mais do que o existente em junho deste ano.

Com o aumento do fluxo anual de investimentos, o ritmo de contratações de pessoal também se acelerou nesse segmento do setor público, nos últimos anos. Em 2007, o quadro de empregados das empresas listadas no orçamento de investimento das estatais federais - apenas as que não dependem de recursos fiscais para manter suas operações - já tinha aumentado em cerca de 12,7 mil pessoas. Em 2008, até junho, houve acréscimo de mais 14 mil.

O projeto de lei orçamentária encaminhado ao Congresso autoriza 68 empresas a investir, no total, R$ 79,7 bilhões no próximo ano, número 26,7% acima do valor que foi autorizado na lei orçamentária de 2008.

Desse total, R$ 67,29 bilhões correspondem a investimentos em território brasileiro e R$ 12,4 bilhões a projetos de subsidiárias mantidas no exterior (todas do Grupo Petrobras).

O Ministério do Planejamento, a quem está submetida a Secretaria de Controle das Estatais (Sest), lembra que entre os investimentos previstos estão novas unidades industriais, como a da Refinaria Abreu e Lima (RNEST), no Recife. Dos R$ 53,73 bilhões que o Grupo Petrobras programa investir no país no próximo ano, R$ 4,27 bilhões serão destinados à construção dessa nova unidade de produção de derivados do petróleo.

Os investimentos do grupo serão feitos, em maior parte (R$ 44,03 bilhões) pela própria empresa holding. Entre as subsidiárias no país, depois da RNEST, a que prevê maior montante de investimentos é a TAG-Transportadora Associada de Gás, que programa destinar R$ 2,95 bilhões à ampliação e à melhoria da malha de gasodutos.

O Grupo Eletrobrás, por sua vez, prevê investirmentos, no próximo ano, de R$ 7,24 bilhões, dos quais R$ 1,6 bilhão por intermédio de Furnas.

A Eletronuclear, a Chesf e a Eletronorte terão, respectivamente, R$ 1,11 bilhão, R$ 1 bilhão e R$ 601 milhões. A proposta orçamentária contempla ainda, no âmbito do Grupo Eletrobrás, R$ 594 milhões para a Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica, R$ 527 milhões para a Eletrosul, R$ 970 milhões para as concessionárias de energia que foram federalizadas e R$ 834 milhões para outras estatais do grupo.

Entre os bancos federais, o Banco do Brasil é o que prevê maior volume de investimentos em 2009: R$ 1,79 bilhão. A Caixa Econômica Federal programa investir R$ 1,1 bilhão.

Em 2008, dos R$ 62,9 bilhões autorizados, as estatais conseguiram realizar, até junho, somente 32%, segundo a Sest. Todos os anos, no entanto, há uma aceleração de desembolsos no segundo semestre.

Pelo menos no seu conjunto, as estatais nunca realizam 100% dos investimentos autorizados. Em 2007, do total programado no Orçamento, foram investidos R$ 75% (R$ 39,97 bilhões).

Ainda que abaixo do autorizado, o montante de investimentos êm crescendo nominalmente ano a ano. De 2002 para 2006, por exemplo, o fluxo anual de investimentos das estatais não-dependentes do Tesouro Nacional subiu de R$ 18,86 bilhões para R$ 32,82 bilhões.