Título: Empresas médias focam em emergentes e desenvolvidos
Autor: Lamucci, Sergio
Fonte: Valor Econômico, 04/09/2008, Brasil, p. A3

Numa economia cada vez mais globalizada e competitiva, os executivos de empresas de médio porte têm uma preocupação crescente com a conquista de consumidores tanto nos mercados emergentes como nos mais maduros. Estudo da IBM Global Services mostra que os dirigentes de companhias médias planejam aumentar em 20% os investimentos nos próximos três anos para aproveitar o crescimento do poder aquisitivo dos clientes de países como Brasil, Índia China e Rússia e a prosperidade dos consumidores de países desenvolvidos. A necessidade de maior integração global e a exigência de maior responsabilidade social também aparecem como prioridades, assim como a importância de mudanças constantes para a adaptação a um mundo de negócios mais competitivo.

O crescimento mais robusto dos mercados emergentes é um atrativo fundamental desses países, chamando a atenção também das companhias de médio porte, segundo Luiz Bovi, diretor para pequenas e médias empresas da IBM Brasil. Ele lembra que os emergentes têm crescido a uma taxa bem superior à dos mercados maduros. Chamado "A empresa do futuro", o estudo destaca a expansão rápida de uma classe média em economias emergentes, que se torna cada vez mais importante.

Ao mesmo tempo, as empresas médias não pretendem deixar de lado os consumidores dos mercados mais desenvolvidos, muitos deles extremamente prósperos. É para capturar esses clientes de crescente poder aquisitivo - tanto dos mercados emergentes como dos maduros - que os executivos de companhias médias querem investir ao longo dos próximos três anos 20% a mais do que aplicaram para esse fim nos últimos três.

"A maior prosperidade global está estimulando a demanda por novos produtos e serviços, conseqüentemente criando novas oportunidades de expansão para muitas companhias", assinala o estudo, feito em parceria com a Economist Intelligence Unit (EIU). Foram entrevistados 1.130 chief executive officers (CEO, os principais executivos) de 40 países e 32 setores da economia. O foco da pesquisa são os 136 dirigentes de companhias médias, definidas como aquelas que têm até mil funcionários.

Bovi diz que um ponto-chave da pesquisa é a visão de que houve uma mudança importante no perfil do consumidor nos últimos anos. "Mesmo nos países emergentes, os consumidores têm acesso a muitas informações e são muito mais exigentes. Eles cresceram em número, mas são menos fiéis a marcas e produtos", afirma ele. Não por acaso, dois terços dos entrevistados vêem como muito positivo o aumento do poder de compra desse novos clientes, ao mesmo tempo em que reconhecem que atender às necessidades de novos segmentos de mercado vai exigir grandes mudanças no seu modo de trabalhar.

A pesquisa destaca a importância que os executivos conferem à necessidade de integração global de suas empresas. Mais da metade das companhias médias consultadas estão ativamente entrando em novos mercados, enquanto três quartos adotam modelos de negócios globais.

Um desafio fundamental para essa integração global, segundo os entrevistados, é a escassez de talentos. Essa preocupação aparece à frente de obstáculos tidos como mais comuns, como capital financeiro, diferenças culturais e questões tecnológicas. "A questão do capital humano ganha importância cada vez maior para as companhias, mesmo para as de médio porte", afirma Bovi.

Os executivos também deixam claro que vêem a questão da responsabilidade social como algo cada vez mais estratégico. Nos próximos três anos, as empresas de médio porte planejam investir 34% a mais para esse fim do que nos últimos três. Num cenário em que clientes, empregados, investidores e acionistas estão mais preocupados com aspectos sociais, as companhias passam a intensificar o foco nessa área de atuação, diz o estudo, que será um dos temas centrais do IBM Forum, a ser realizado nos dias 9 e 10 deste mês, em São Paulo.