Título: Queda do cobre provoca onda de compras
Autor: Manechini, Guilherme
Fonte: Valor Econômico, 04/09/2008, Empresas, p. B6

Nos últimos dois meses, o preço do cobre na Bolsa de Metais de Londres (LME) caiu 14,86%. O declínio significa quase a metade dos ganhos registrados de janeiro a junho (27,8%), mas é o suficiente para que os transformadores do metal retomem suas compras no mercado.

Ontem, a commodity encerrou o pregão na LME cotada a US$ 7.305, em alta de 1,8% em relação ao dia anterior. Na opinião de Sergio Aredes, presidente do Sindcel (Sindicato da Indústria de Condutores Elétricos, Trefilação e Laminação de Metais Não Ferrosos do Estado de São Paulo), o momento de ir as compras é agora. "Imaginamos que a tonelada do cobre volte ao patamar de US$ 8 mil até o fim do ano", estimou o executivo.

No fim de junho, a commodity havia atingido seu maior preço no ano, US$ 8.585 por tonelada. O recuo do cobre verificado de junho a agosto reflete o comportamento das demais commodities metálicas, com exceção do chumbo. No período, o alumínio caiu 14%, o níquel 10,86%, o zinco 8,45% e o estanho 17,09%.

Segundo Marcelo Mello, diretor da mesa de operações de commodities metálicas do Standard Bank, o movimento de queda dos metais na LME está relacionado à valorização do dólar frente ao euro ocorrida no período, de 8,39%. "Os investidores estão receosos com a baixa do euro, e muitos migram para aplicações em dólar", afirmou Mello, ao ressaltar que parte dos recursos provavelmente saíram de investimentos em commodities.

Para ele, os fundamentos de oferta e demanda dos metais seguem firmes, o que permite estimar uma retomada dos preços no médio prazo. "Cremos que parte significativa da demanda é oriunda da China, que deverá manter os investimentos em infra-estrutura", acrescentou.

No caso do alumínio, Luis Carlos Loureiro Filho, presidente da Abal (Associação Brasileira do Alumínio), também acredita em uma recuperação nos preços. "Do jeito que está (US$ 2.685 a tonelada) é muito próximo dos custos de produção", disse.

O patamar atual, de acordo com Loureiro, reflete o preço do barril do petróleo entre US$ 60 e US$ 70. "A commodity (alumínio) pode oscilar, mas deve obedecer um pouco os fundamentos", avalia o executivo da Abal. O barril do petróleo fechou ontem, em Nova York, na casa dos US$ 109.

O alumínio terminou o pregão de ontem cotado a US$ 2.685, o que significa uma leve alta de 0,1% sobre a cotação de terça-feira. O níquel valorizou 1,1%, valendo US$ 19.455 a tonelada, o estanho subiu 1,2%, a US$ 19.400, o chumbo ganhou 2,9% e fechou a US$ 1.935 a tonelada. Já o zinco recuou 0,3%, fechando o dia cotado a US$ 1.750,50.

Mello, do Standard Bank, também acredita que as operações na LME estejam mais concentradas nos compradores. "É claro que não estão comprando tudo, mas estão bem mais ativos que os produtores", diz.

Apesar das desvalorizações dos últimos dois meses, cobre, alumínio e estanho ainda operam em terreno positivo em 2008. O cobre acumula uma alta de 8,8% de janeiro até ontem. Alumínio e estanho valorizaram 11,6% e 17,6%, respectivamente, no mesmo intervalo.

Já os preços do níquel, zinco e chumbo têm se comportado de maneira oposta. No ano, os três metais estão em queda de 25,3%, 24,9% e 23,6%, respectivamente.