Título: Em 12 meses, BNDES libera R$ 79,1 bi e prevê mais demanda por crédito
Autor: Durão, Vera Saavedra
Fonte: Valor Econômico, 05/09/2008, Brasil, p. A2
Os desembolsos do BNDES nos sete primeiros meses do ano somaram R$ 45,5 bilhões e as aprovações, R$ 58,9 bilhões, puxados pela indústria que abocanhou R$ 18,4 bilhões do total desembolsado, seguida pelos projetos de infra-estrutura que obtiveram R$ 17,2 bilhões puxados pelos projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que começam a sair do papel. Em 12 meses até julho, as liberações de recursos atingiram R$ 79,1 bilhões e se aproximaram dos R$ 80 bilhões do orçamento previsto para este ano. As aprovações no período atingem o pico de R$ 108 bilhões e as consultas para empréstimo, R$ 155 bilhões.
Na avaliação de Cláudia Além, assessora da presidência do banco, os números apontam para forte aquecimento da demanda por crédito do banco nos próximos dois anos. "Certamente, o BNDES vai desembolsar mais de R$ 80 bilhões em 2008 e este número até 2010 tende a aumentar. Os indicadores do banco refletem o dinamismo da economia", diz Cláudia. Ela evitou fazer um prognóstico de desembolso para os próximos cinco meses, calculados na faixa de R$ 40 bilhões. "Não podemos jogar e dobrar por conta do orçamento estimado, pois o desembolso para investimento não tem uma distribuição normal. Mas certamente o BNDES deve liberar pouco mais de R$ 80 bilhões até dezembro."
No banco, fala-se em um orçamento na casa dos R$ 90 bilhões para o ano que vem, mas a assessora preferiu não se comprometer com números. Para Cláudia, o mais importante é o comportamento dos dados do banco, que estão "crescendo mês a mês e batendo recordes". Isso mostra, segundo ela, que apesar da crise dos países desenvolvidos, os emergentes estão vivendo um cenário positivo. "A China está batendo um bolão e a Índia também. O Brasil não fica atrás, como reflete o desempenho do BNDES".
Ela admitiu, porém, que o banco chegou mesmo a contingenciar aprovações este ano por problemas de caixa. "Esperávamos uma complementação do caixa e agora conseguimos do Tesouro." Os R$ 15 bilhões do Tesouro que vão entrar este mês no cofre do BNDES vão garantir a forte demanda do setor privado. "Os empresários só recorrem ao banco porque resolveram investir e estão demonstrando confiança na economia para os próximos dois anos."
Apesar do "gap" entre desembolsos e aprovações, estas últimas bem acima dos desembolso na contabilidade até julho e em 12 meses, Cláudia prevê que a tendência no médio prazo é de equilíbrio entre as duas rubricas. "As aprovações têm que cumprir todo um ciclo burocrático para virar desembolso e, mesmo quando os recursos são liberados, eles não são repassados integralmente para as empresas, mas gradualmente, na medida em que os projetos vão evoluindo. Muitos deles demoram a sair do papel, principalmente os de infra-estrutura, por causa de fatores como licenças ambientais, compras de equipamentos e até mesmo falta de mão-de-obra."
Nos últimos 12 meses até julho, as aprovações do setor de infra-estrutura alcançaram R$ 45,5 bilhões, ante liberações de R$ 32,6 bilhões. As da indústria somaram R$ 46 bilhões e os desembolsos, R$ 30,2 milhões. Por região, até julho o Sudeste é o campeão do desembolso, com R$ 24,4 bilhões ante R$ 2,7 bilhões para o Norte e R$ 3,6 bilhões para o Nordeste.