Título: Crescimento menor derruba ações no mundo
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Fonte: Valor Econômico, 05/09/2008, Finanças, p. C2

Wall Street teve ontem o pior dia em mais de dois meses, com intenso movimento de venda de ações após novos sinais de fraqueza do mercado de trabalho americano e desaceleração do crescimento ao redor do mundo.

O índice Dow Jones recuou 2,99%, para 11.188 pontos. O Nasdaq caiu 3,20%, para 2.259 pontos. O índice Standard & Poor's 500 teve desvalorização de 2,99%, para 1.236 pontos.

O mau-humor foi definido no início da sessão, após dados semanais do governo mostrarem uma inesperada alta nos números de pedidos de auxílio desemprego, enquanto que um relatório da ADP Employer Services mostrou que empregadores privados cortaram 33 mil empregos em agosto.

O dados alimentaram a tensão dos investidores um dia antes da divulgação de um relatório chave de emprego não agrícola do governo, e as perdas se amontoaram durante a tarde. O Dow caiu mais de 340 pontos e apenas um de seus 30 componentes se manteve no azul.

A fabricante de equipamento para construção e mineração Terex Corp piorou o cenário ao cortar previsões de vendas e lucros para 2008, citando a fraca demanda da Europa Oriental e América do Norte. Entre as principais perdas figuraram os termômetros econômicos Caterpillar e General Electric.

As ações financeiras também foram atingidas, após Bill Gross, que gerencia o maior fundo de bônus do mundo, o Pimco, afirmou que para estancar o que ele chamou de "um tsunami financeiro", o governo americano precisa dar ao Tesouro o direito de comprar dívidas e outros ativos.

O principal índice de ações européias, o TTSEurofirst 300, recuou 2,59% (1.151 pontos) e fechou no pior nível desde 17 de julho, com a intensificação dos temores sobre o crescimento econômico na zona do euro e nos EUA. O setor bancário encabeçou as perdas. O UBS perdeu 5,4%, o Barclays, 6,2% e o Santander, 3,8%.

Após a decisão do Banco Central Europeu (BCE) de manter a taxa básica de juros em 4,25%, o presidente da instituição, Jean-Claude Trichet, afirmou que os dados econômicos da eurozona apontam enfraquecimento do crescimento, mas inflação ainda alta e com riscos de aceleração. As ações de grupos industriais europeus figuravam entre as mais desvalorizadas.

Em Londres, o índice Financial Times fechou em baixa de 2,5%, a 5.362 pontos. O DAX, de Frankfurt, recuou 2,91% (6.279 pontos). Assim como na Europa, todos os principais indicadores acionários da Ásia encerraram o dia em que, já refletindo os comentários de Trichet. O destaque negativo foi índice Nikkei, de Tóquio, com recuo de 1,04%, embora outras bolsas tem apresentado quedas maiores.