Título: Fundo com recursos do FGTS faz 1º investimento
Autor: Ribeiro, Alex
Fonte: Valor Econômico, 05/09/2008, Finanças, p. C8

O fundo de investimento em projetos de infra-estrutura promete retorno superior ao das aplicações do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). A carteira teórica desse fundo projeta remuneração equivalente à taxa referencial (TR) mais um percentual entre 8% e 9% ao ano, segundo o vice-presidente de ativos de terceiros da Caixa Econômica Federal, Bolivar Tarragó. É um retorno mais alto do que o pago pelo FGTS aos trabalhadores, que equivale à TR mais 3% ao ano.

O fundo de investimento, conhecido como FI-FGTS, é uma das medidas anunciadas dentro do Programa de Aceleração do Investimento (PAC) para alavancar os investimentos em infra-estrutura, como energia, transportes e saneamento básico. Ontem, foi feito o primeiro desembolso de recursos do fundo, no valor de R$ 500 milhões, para investimentos em transporte ferroviário.

Tarragó não diz o nome da empresa que recebeu o aporte de recursos porque as regras do FI-FGTS exigem que ele mantenha sigilo sobre as aplicações. Na operação, o fundo fez aporte de recursos por meio da compra de debêntures de uma empresa. O FI-FGTS prevê que, numa primeira fase, sejam investidos apenas os recursos do patrimônio do FGTS. Mas, no futuro, a idéia é permitir que os trabalhadores também façam investimentos, aplicando até o limite de 10% de seus saldos no FGTS. Para estender o fundo de investimento para os cotistas do FGTS, porém, terá que ser resolvido primeiro o problema de falta de liquidez. Os investimentos em infra-estrutura têm retorno no longo prazo, enquanto os cotistas do FGTS exigem os recursos no curto prazo, quando, por exemplo, são demitidos do trabalho ou compram a casa própria.

Já foram aprovados neste ano R$ 5,2 bilhões em investimentos, de um orçamento total de R$ 17 bilhões que o fundo pretende aplicar nos próximos anos. "O fundo está andando melhor do que esperávamos", afirma Bolivar, que espera cumprir o orçamento em meados de 2010. "No início, o fundo não era muito conhecido, por isso não era contemplado pelas empresas nas suas estruturas de financiamento. Nas últimas semanas, aumentaram muito as demandas por recursos do fundo."

Dos R$ 5,2 bilhões aprovados, 70% são para energia, 12% para setor ferroviário e 9% em portos. A expectativa é que, até o fim do ano, o fundo faça desembolso de R$ 1,5 bilhão. A próxima operação é na área de portos, no valor de R$ 800 milhões.