Título: Fundações da Eletrobrás planejam FIP para aplicar em energia
Autor: Vieira, Catherine
Fonte: Valor Econômico, 05/09/2008, Finanças, p. C8

Os fundos de pensão das empresas vinculadas ao sistema Eletrobrás estudam criar um Fundo de Investimentos em Participações (FIP) para aplicar em projetos no setor de energia elétrica. A idéia foi proposta ontem pelo diretor-superintendente da Fundação Itaipu de Previdência (Fibra), Silvio Renato Rangel Silveira, no primeiro fórum conjunto das fundações do sistema, que foi promovido pela Fundação Eletros (da Eletrobras, ONS e outras). "A proposta é montar uma carteira para investir em projetos de transmissão e geração", disse Rangel. "Temos profundo conhecimento do setor de energia e creio que juntos podemos tomar essa frente", completou ele.

A idéia foi apresentada para os dirigentes das fundações Real Grandeza, Fachesf, Eletros, Previnorte, Elos, Nucleos, Faceal e Facepi. Juntas, essas entidades possuem quase R$ 17 bilhões de patrimônio, sendo a maior delas a Real Grandeza (de Furnas), com cerca de R$ 7 bilhões, seguida pela Fachesf, com R$ 3 bilhões e Eletros (R$ 2,3 bilhões).

Uma das propostas do fórum realizado ontem é retomar um trabalho mais próximo e conjunto dos fundos de pensão das empresas que compõem o sistema Eletrobras. "Trocando idéias podemos melhorar práticas de governança e tomar decisões mais produtivas e bem embasadas", disse Sylvio Murad, diretor de investimentos da Eletros.

Os FIPs ou fundos de "private equity"´ estão no radar de várias dessas fundações, como o investimento alternativo à renda fixa mais atraente. Na Fibra, por exemplo, que possui patrimônio de R$ 1,6 bilhão, há investimento de 3% da carteira em seis diferentes FIPs: Logística e Empreendedor, geridos pela BRZ; Mezanino, com gestão da Neo; Brascan Óleo e Gás e Terra Viva, gerido pela DGF. "Estamos em fase de seleção de mais um fundo no segmento de tecnologia e com isso vamos chegar no máximo permitido pela política de investimentos", disse Rangel, acrescentando, porém, que em breve pretende propor a revisão para cima desse percentual máximo.

Os fundos de pensão podem ter a liderança na formatação de FIPs que sejam adequados às suas necessidades, diz ele, e não apenas ficar esperando que os gestores ofereçam os produtos, até porque é preciso casar a fase de desinvestimento e por isso os investimentos iniciais têm que ser escalonados, não podem ser todos feitos ao mesmo tempo, diz ele.

"Os FIPs são um grande foco nosso, pois são de longo prazo e podem trazer ganhos bem diferenciados. Nós não queremos ser compradores nos IPOs [lançamentos iniciais de ações na bolsa], queremos ser vendedores, e para isso é preciso investir no ciclo de maturação dos projetos e empresas, por meio desses fundos."

A própria Fundação Eletros é outra interessada no produto. Segundo Murad, a instituição está em fase de seleção do primeiro investimento em "private equity" e também se integrou a um programa de inovação da Finep para conhecer melhor esse universo. Na Fachesf, o diretor de investimentos Luiz da Penha Souza e Silva, diz que já tem dois investimentos em FIPs, no Rio Bravo II e no Terra Viva, mas diz que ainda há espaço para elevar os investimentos nesse segmento, conforme o que está previsto na política de investimentos.

Entre os setores que interessam aos fundos estão vários ligados à energia, seja por meio de Pequenas Centrais Hidrelétricas, linhas de transmissão e fontes alternativas, como energia eólica. O agronegócio também está na mira, principalmente projetos de biocombustíveis.