Título: Petrobras confia em bom senso da Bolívia
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 09/09/2008, Brasil, p. A5

A diretora de Gás e Energia da Petrobras, Maria das Graças Foster, disse ontem que não está preocupada com a possibilidade de o fornecimento de gás da Bolívia ser interrompido, diante da instabilidade política naquele país. Segundo a executiva, a Petrobras acredita no "bom senso" dos políticos bolivianos, e por ora, não há indício mais forte de que o gás não será enviado conforme o previsto.

"A Petrobras não se vê preocupada porque acredita no bom senso dos dirigentes da Bolívia. Essa é uma questão política interna deles. Até onde sei, o governo brasileiro tem estado permanentemente em diálogo com a parte brasileira da Bolívia. Se está conversando com a parte boliviana, eu não sei. Mas até agora não temos nenhum sinal forte inequívoco de que a gente possa perder uma molécula de gás sequer", afirmou.

Na semana passada, membros da oposição boliviana ameaçaram boicotar as exportações de gás para o Brasil e a Argentina. Ele exigem que o presidente Evo Morales devolva aos departamentos (Estados) a receita petrolífera que o governo cortou em janeiro, para pagar uma ajuda direta às pessoas com mais de 60 anos.

Foster acrescentou não conhecer fornecedor mais confiável do que os bolivianos. "Eles são precisos", completou. A executiva garantiu que a Petrobras sempre tem um plano de contingência preparado caso haja problemas de suprimento do gás importado, sem revelar detalhes. Ela mencionou o fato de que os novos contratos firmados pela estatal com distribuidoras prevêem a flexibilidade do fornecimento, como por exemplo, a interrupção a determinados segmentos em momentos de contingenciamento.

A Petrobras já vem adotando o chamado "empacotamento" do gás boliviano, revelou. Sem admitir que essa medida tem relação direta com a possibilidade de problemas no fornecimento, Foster explicou que essa medida consiste em aumentar a pressão sobre o gás colocado no gasoduto, como forma de se armazenar quantidade maior ali dentro. São importados, diariamente, em média, 31,7 milhões de metros cúbicos de gás. "Temos mantido o gasoduto empacotado, que é o máximo de gás que pode ser estocado nesse duto. E a gente administra a colocação desse gás", observou.