Título: Mantega comemora expansão de qualidade
Autor: Grabois, Ana Paula
Fonte: Valor Econômico, 11/09/2008, Brasil, p. A3

O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre mostra, segundo avaliou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que a economia terá, em 2008, desempenho muito próximo do que ocorreu no ano passado. Em 2007, o produto cresceu 5,4% em relação a 2006. Esse comportamento, se confirmado, supera a expectativa do governo de o PIB se expandir 5% neste ano. "É um crescimento com qualidade porque há desaceleração da inflação", disse.

Mantega ressaltou que o aumento de 32% no crédito ainda está pouco acima do nível considerado adequado, mas afirmou que as próximas estatísticas vão mostrar desaceleração para algo em torno dos 25%. Por outro lado, o ministro acentuou que o aumento do investimento (16,2%) no segundo trimestre em relação a igual período do ano passado garante que está havendo mais oferta de produtos, o que evita a elevação dos preços. Além disso, citou que o aumento dos estoques revela que a capacidade de produção é suficiente para atender à demanda. "O aumento da formação bruta de capital fixo é quase três vezes maior que o crescimento do PIB", avaliou.

O resultado do PIB, no qual o crescimento veio acompanhado de queda na inflação, também mostra que o produto potencial do país está aumentando e pode ficar entre 5% e 5,5% com o IPCA dentro dos limites do regime de metas, observou Mantega.

Ao comentar o aumento do consumo das famílias, de 6,6% para 6,7%, Mantega preferiu dizer que viu uma desaceleração em relação ao último trimestre de 2007, quando foi registrada expansão de 8,7%. "Estávamos preocupados, mas a demanda das famílias caiu. Gostaríamos de algo entre 6% e 6,5%."

O consumo do governo foi reduzido, segundo o ministro, pela elevação do superávit primário. A meta fiscal para o setor público consolidado subiu de 3,8% do PIB para 4,3%. Outro aspecto positivo, na sua visão, é o desempenho da construção civil no segundo trimestre. Esse setor teve ampliação de 8,8% (primeiro trimestre) para 9,9%, uma demanda que não aumenta a necessidade de produtos importados e gera mais empregos. "É o retrato de uma economia robusta, com o investimento puxando o crescimento e o consumo sendo mais moderado. Este ano terá performance muito boa e as famílias terão um excelente Natal", comentou.

Na perspectiva do governo, as medidas de desaceleração do consumo - aumento dos juros, principalmente - vão fazer efeito e 2009 deverá ter um crescimento de 4,5% no PIB. Mantega explicou que, no fim de 2007, a aceleração foi forte, exagerada. Ele ponderou que o governo quer um crescimento sustentado e isso não significa o maior crescimento possível. Crescer demais, diz, provoca inflação e pontos de estrangulamento.

Para o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, os números do PIB "renovam o diagnóstico de que o Brasil vive hoje um ciclo sustentado de crescimento". Segundo ele, esse crescimento está "alicerçado na opção pela estabilidade de preços", ou seja, no combate à inflação. "O crescimento do PIB trimestral vem mantendo taxas robustas, evidenciando expansão disseminada pelos vários setores produtivos", disse Meirelles por meio de nota.

Meirelles destacou ainda que o resultado do PIB do segundo trimestre foi liderado pelo investimento e que esse fator "atesta claramente os benefícios da estabilidade e da previsibilidade". Isso significa, segundo ele, que, com uma inflação mais previsível, os empresários continuaram investindo no país. (Com Folhapress)