Título: Em 2008, índices dão vantagem a Marta
Autor: Totti, Paulo
Fonte: Valor Econômico, 11/09/2008, Política, p. A10

Somados, Geraldo Alckmin (PSDB, 22%) e Gilberto Kassab (DEM, ex-PFL, 18%), empatam com as intenções de voto em Marta Suplicy (PT), para o primeiro turno das eleições em São Paulo - 40% a 40%, segundo pesquisa do Datafolha, realizada nos dias 4 e 5 últimos. Para o segundo turno o empate persiste, 47% a 47%, se o adversário de Marta for Alckmin. Se for Kassab, as previsões por enquanto indicam vitória de Marta, 49% a 41%. Mas as perspectivas de Marta hoje são bem melhores do que as de 2004, quando era prefeita e contava com as vantagens do exercício do cargo.

Há exatos quatro anos (a pesquisa de campo ocorreu a 10 de setembro de 2004), o Datafolha era bem menos indulgente com a então prefeita. Marta recebia 36% das intenções de voto (votos válidos) e seu principal adversário, José Serra, já assumia a dianteira com 41% (Paulo Maluf, PP, ex-PPB, estava com 13%). Para o segundo turno, Serra disparava com 56% e Marta mal chegava a 37%.

Marta ainda não tinha aparecido na TV com o factóide do CEU-Saúde, mas o eleitorado, já decidido a não reelegê-la, demonstrava isso quatro semanas antes do primeiro turno. Quando o dia 3 de outubro chegou, as pesquisas se confirmaram dentro da margem de erro: Serra fez 2,686 milhões de votos (43%) e Marta 2,209 milhões (35%). No segundo turno, a retumbante confirmação do TRE: Serra, 3,3 milhões (55%) e Marta, 2,7 milhões.

À mesma altura do campeonato, a situação de Marta hoje é diferente e mais confortável. Sozinha, e já incorporando os votos que há quatro anos pertenciam a Luiza Erundina (4%), Marta lidera entre os eleitores com renda familiar de até 2 salários mínimos (Marta, 46%, Alckmin, 16%, Kassab, 15%), e entre os mais de 2 até 5 salários mínimos (Marta, 44%; Alckmin, 22%; Kassab, 16%). Nesse universo, estão 5,714 milhões de eleitores (71% do eleitorado total que é de 8,196 milhões). Alckmin e Kassab, cujos votos são um derivativo dos votos que Serra alcançou sozinho em 2004, somam mais votos que Marta, segundo o Datafolha, nas duas categorias seguintes, entre os que têm renda familiar de 5 a 10 salários mínimos e os de mais de 10. Entre os primeiros, um eleitorado de 16%, Marta tem 32% Alckmin, 26% e Kassab, 24%. No topo da renda, Marta tem 18%, Alckmin 35% e Kassab, 28%. Dez porcento dos eleitores têm mais de 10 salários mínimos de renda.

Há quatro anos, apesar da reconhecida penetração do PT e da prefeita na periferia e no eleitorado pobre, Serra se igualava a Marta (35% a 35%) entre os eleitores de até 5 salários mínimos. Com isso, empatava o jogo disputado, diria o palmeirense Serra, no campo do adversário, para passar a ganhá-lo a partir das faixas seguintes de distribuição de renda: entre os que ganhavam mais de 5 até 10 salários mínimos Serra alcançava 41% contra 30% e chegava a 45%, contra 27%, entre os que ganhavam mais de dez.

A performance de Serra era também muito boa, segundo a pesquisa, em todas as faixas de escolaridade. Entre eleitores com ensino fundamental, Serra tinha, a 10 de setembro de 2004, 36% (Marta, 31%), ensino médio, 36% (Marta, 37%) e superior, 46% (Marta, 26%). Hoje, as intenções de voto de acordo com a escolaridade dos eleitores dá o seguinte quadro: ensino fundamental, Marta, 47%; Alckmin, 18%; Kassab, 15%. Ensino Médio, Marta, 39%, Alckmin, 21%, Kassab, 20%. Superior, Marta, 26%, Alckmin, 33% e Kassab, 23%.

Em 2004, Serra tinha 272 mil votos acima de Marta a 10 de setembro, segundo o Datafolha. Em 2008, pelos mesmos critérios, Alckmin e Kassab têm, somados, 65 mil votos mais que Marta, num eleitorado total que cresceu 426 mil. Esta pequena diferença impede que Marta comemore desde já uma vitória no primeiro turno, mas os números de hoje são muito mais confortáveis que os de 2004. Sem contar outras influências favoráveis deste pleito e que vão desde a melhora da imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em São Paulo às confusões na cúpula adversária.