Título: GDF Suez investe R$ 150 milhões em parque eólico em Beberibe, no Ceará
Autor: Mandl, Carolina
Fonte: Valor Econômico, 11/09/2008, Empresas, p. B8
Enquanto aguarda o veredicto das autoridades sobre o leilão da usina hidrelétrica de Jirau (RO), no rio Madeira, a GDF Suez começa a ampliar seus investimentos no Brasil na área de fontes alternativas de energia. Hoje, o grupo francês inaugura em Beberibe, cidade a 80 quilômetros da capital cearense, seu primeiro empreendimento de energia eólica, com R$ 150 milhões em investimentos. A usina, com 32 torres, tem uma potência de gerar 25,6 MW.
O empreendimento faz parte de um projeto maior que a Suez está colocando em prática para ampliar seus negócios em energia alternativa, principalmente no Brasil. Em junho, a empresa fez uma oferta de US$ 73 milhões pela Econergy, companhia listada no mercado de acesso de Londres (AIM) e que tem seis projetos de energia eólica e de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) em desenvolvimento na América Latina. Depois de aceito pelos acionistas, o negócio só depende do sinal verde das autoridades brasileiras para a transferência de controle dos empreendimentos.
Além do parque eólico em Beberibe, a Econergy tem outras duas obras em andamento no Brasil: a PCH de Areia Branca (MG), com 19,8 MW de potência, e o parque de energia gerada a partir do vento de Pedra do Sal (PI), com 18 MW. Juntos, eles receberão R$ 350 milhões em investimentos.
De acordo com o diretor de desenvolvimento de negócios da GDF Suez, Gil Maranhão, o grupo está atento a outros projetos e também a oportunidades de aquisições. Em julho, a Tractebel, geradora controlada pela Suez, adquiriu por R$ 314 milhões duas PCHs no Mato Grosso. "Partimos para as aquisições porque desenvolver projetos hidrelétricos é muito complexo, não importa o tamanho. E nossa vocação nessa área é para grandes empreendimentos", explica Maranhão. Porém, por causa da menor complexidade, o grupo está disposto a desenvolver parques eólicos, que já somam 2 mil MW no grupo pelo mundo.
Até este ano, o único projeto de energia alternativa da Suez no Brasil era a usina de biomassa em Lages (SC), concluído em 2003, com 28 MW gerados a partir de restos de madeira. Agora, com as aquisições das duas PCHs e da Econergy, além de um consórcio com a Açúcar Guarani para obter energia com bagaço de cana-de-açúcar, o grupo passa a gerar 161,7 MW.
No total, a GDF Suez produz no Brasil 7.200 MW de energia por meio da controlada Tractebel. O grupo tem ainda outros dois grandes projetos em andamento: as hidrelétricas de São Salvador (TO), com 241 MW e Estreito (TO), com 1.087 MW.
Já o projeto de Jirau, com 3.300 MW, aguarda a decisão final da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e do Ibama a respeito do projeto básico apresentado pelo consórcio que tem entre seus acionistas o grupo Suez. De acordo com Maranhão, a polêmica em torno do empreendimento do rio Madeira não atrapalha os planos de investimentos futuros da companhia no Brasil. "Entendo como algo natural o que ocorreu. Isso é algo do passado. Já estamos nos preparando para iniciar as obras no início de 2009", diz o executivo.
Segundo o diretor, a Suez começa agora a analisar sua participação no leilão da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Dado o porte do projeto, com mais de 11 mil MW, Maranhão afirma que a Suez começa a avaliar como se darão as parcerias entre os investidores. Para ele, seria importante a Eletrobrás definir como ficará a participação de suas subsidiárias. "Defendemos que elas se unam ao empreendedor que vencer".
A repórter viajou a convite da GDF Suez