Título: Renda agrícola deve crescer 16% em 2008
Autor: Zanatta, Mauro
Fonte: Valor Econômico, 11/09/2008, Agronegócios, p. B11

A renda gerada pelos 20 principais produtos agrícolas cultivados no país deve crescer 16% em 2008, segundo estimativa divulgada ontem pelo Grupo de Acompanhamento Conjuntural de IBGE, Ipea e Ministério da Agricultura. Ao mesmo tempo, essa receita concentrará a riqueza do campo nos produtores de soja, milho e cana.

A receita agrícola recorde de R$ 160,6 bilhões esperada para este ano deve superar em 9,3% o melhor resultado da série histórica, registrado em 2003, de R$ 147 bilhões. Os dados da projeção indicam um aumento da concentração da renda na produção de soja, milho e cana, que passaria de 53,9% para 55%.

Principal commodity agrícola do país, a soja concentra 27% da renda rural e deve fechar o ano com um faturamento de R$ 43,5 bilhões, resultado 30,6% superior aos R$ 33,3 bilhões consolidados no ano passado. Em nota, o coordenador-geral de Planejamento Estratégico do Ministério da Agricultura, José Garcia Gasques, atribuiu a expansão à combinação de melhores preços e maiores quantidades do grão, estimada em 60,05 milhões de toneladas no ano-safra 2007/08. Em 2003, a soja concentrou 30,5% da renda agrícola, gerando R$ 45 bilhões aos produtores.

A pesquisa estima que as lavouras de milho devem ser responsáveis por R$ 25,5 bilhões da renda dos 20 produtos. O segmento deve ter um salto recorde de 30,2% em relação a 2007. A produção doméstica recorde e o aumento dos preços internacionais do grão, que passaram a balizar o milho nacional, explicariam a excepcional performance.

Mesmo com uma retração de 11%, a renda gerada pela cana-de-açúcar deve bater em R$ 19,3 bilhões e manter-se próxima do melhor resultado histórico, registrado no ano passado, de R$ 21,6 bilhões.

Na análise dos dados, dois produtos surpreendem pela estimativa de um salto espetacular. A pesquisa indica uma forte recuperação da renda do café, cuja receita deve registrar expansão superior a 48%, passando de R$ 10,3 bilhões para R$ 12,4 bilhões. O resultado ficará, porém, abaixo da performance de 1999 e 2000. Vilão da recente inflação de alimentos, o feijão também terá um forte avanço, segundo os especialistas. Está projetada uma elevação de 82% na renda do segmento, o que deve empurrar a receita de R$ 4,8 bilhões para R$ 8,7 bilhões, um recorde histórico para a atividade. Os produtores de laranja também devem ter renda 11% superior a 2007, chegando a R$ 9,6 bilhões. No lado das perdas, estão o algodão, cuja receita deve cair 7,7%, para R$ 4,1 bilhões, e a uva (45%, para R$ 1,2 bilhão).