Título: Para especialista brasileiro, postura do bloco é anti-comércio internacional
Autor: Moreira, Assis
Fonte: Valor Econômico, 12/09/2008, Agronegócios, p. B13

A decisão da União Européia (UE) de reduzir a meta para o uso de biocombustíveis, o que afeta diretamente o etanol de cana do Brasil, foi interpretada por especialistas brasileiros como uma postura anti-comércio internacional. "A decisão tomada pelo bloco não é a de quem quer criar um comércio internacional justo", afirmou Plínio Nastari, presidente da consultoria Datagro.

Segundo Nastari, os europeus sempre demonstraram preocupação sobre quanto os biocombustíveis podem reduzir emissões de gases do efeito estufa, comparado ao petróleo e ao diesel. Mas agora a situação que se impõe por essa decisão do bloco não fica muito clara a postura da UE sobre as emissões de gases. "O etanol de primeira geração a partir da cana reduz entre 74% e 89%; o de milho entre 25% e 30%. Há indicativos, ainda não comprovados, de que o etanol de segunda geração reduza entre 80% e 90% as emissões de gases do efeito estufa."

O mercado europeu, apesar das forte resistência em relação ao etanol brasileiro, tem importado o combustível do Brasil em volumes expressivos, em torno de 1 bilhão de litros por ano. Só a Suécia compra cerca de 400 milhões de litros.

A expectativa é de que o Brasil exporte aproximadamente 4,5 bilhões de litros em 2008, dos quais mais da metade tem como destino o mercado americano. Nos Estados Unidos, a tarifa de importação para o etanol é de US$ 0,14 por litro. Na UE , 0,19 euros por litro. Procurada pelo Valor, a União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) não se manifestou sobre a importante decisão européia até o fechamento desta edição.

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