Título: BID busca alternativas para elevar alavancagem e ofertar mais crédito
Autor: Jorge, Danilo
Fonte: Valor Econômico, 15/09/2008, Finanças, p. C2

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) quer elevar o seu grau de alavancagem e, para isso, estuda várias alternativas que permitam aumentar as garantias oferecidas nas captações junto ao mercado. Uma das idéias consideradas contempla o reforço da parcela do capital utilizado para oferecer essas garantias com as participações financeiras de seus países-membros que receberam a classificação de grau de investimento - como o Brasil. Leo Pinheiro/Valor Luis Alberto Moreno, presidente do BID: "A pergunta é como usar o nosso capital de forma melhor"

"Temos um capital muito forte, de aproximadamente US$ 120 bilhões. A pergunta é como usar esse capital de forma melhor", disse Luis Alberto Moreno, presidente do BID, que firmou ontem convênio de cooperação técnica com o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). Os financiamentos concedidos pela instituição são amparados no seu capital ordinário, emissões de títulos junto ao mercado, fundos fiduciários e operações de co-financiamento com outras agências.

O principal pilar das operações de crédito do BID é o capital ordinário, subscrito pelos 47 países-membros. Mas apenas parte desse capital, denominado de capital exigido, é usada pela instituição para constituir garantias às captações. O capital exigido é formado, sobretudo, pelas participações de alguns países-membros, como Alemanha, Estados Unidos e Japão.

Com o objetivo de reforçar as garantias, permitindo a ampliação das captações, uma das propostas é aumentar o capital exigido com a participação dos países-membros da América Latina que alcançaram ou já possuem o grau de investimento conferido pelas agências de classificação de risco soberano. Nesse grupo estão incluídos, além do Brasil, Peru, Colômbia, Chile e México.

As propostas, ainda em formatação, serão submetidas à Assembléia de Governadores da instituição, que reúne representantes dos países-membros, marcada para março de 2009, na Colômbia. "Neste momento estamos trabalhando com a diretoria num processo de mudar nosso marco de financiamento para encontrar uma maneira de alçar melhor o nosso balanço, para ser uma instituição mais relevante na América Latina", afirmou Moreno.

Um dos pontos que balizam as discussões é o rating AAA detido pelo BID. "Estamos fazendo muitas simulações financeiras para entender bem, porque mais importante é que o banco tem rating AAA. Poucas instituições financeiras no mundo têm esse rating, umas 15 ou 20, e para nós o mais importante é manter esse rating", acrescentou o presidente do BID.

Segundo ele, é essa nota que tem garantido à instituição ampliar as operações de crédito, mesmo diante da conjuntura conturbada do mercado internacional. Neste ano, os financiamentos do BID, sem considerar outros fundos, devem chegar a US$ 10 bilhões. Em 2007, os empréstimos somaram US$ 8,8 bilhões. Para 2009, a expectativa é alcançar entre US$ 11 bilhões e US$ 11,5 bilhões. Outros créditos adicionais são propiciados por meio de fundos e de operações de co-financiamento em parcerias multilaterais e bilaterais.

No caso do Brasil, a expectativa é que os empréstimos fiquem em patamar próximo ao deste ano, na ordem de US$ 3,5 bilhões, segundo José Luis Lupo, responsável pela missão brasileira do BID.