Título: Lobão insiste no modelo norueguês para o Brasil
Autor: Rosas, Rafael
Fonte: Valor Econômico, 16/09/2008, Brasil, p. A8

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, voltou a defender ontem a criação de uma estatal para administrar as reservas do pré-sal do litoral brasileiro, nos moldes da atuação da Petoro na Noruega. Lobão afirmou que, caso aprovada a proposta, a estatal contrataria uma empresa para explorar o petróleo e a companhia contratada poderia ficar com parte do petróleo e entregar o restante à estatal ou negociar a totalidade da produção e pagar a estatal após a venda.

Lobão, que participou da abertura da Rio Oil & Gas, no Rio de Janeiro, explicou que há opiniões divergentes na comissão encarregada de apresentar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva as melhores opções para exploração dos recursos do pré-sal do litoral brasileiro.

"Eu sou apenas um voto. Não sei que propostas serão aprovadas na comissão", disse Lobão, acrescentando que a comissão vai votar no dia 25 quais propostas serão entregues a Lula, que baterá o martelo sobre as mudanças regulatórias. O relatório da comissão deve ser entregue ao presidente no dia 30.

O ministro também informou que não há definição sobre o número de propostas que será entregue a Lula. "Poderão ser quatro, cinco ou oito. Estamos fazendo a tabulação final para levar as coisas mais consistentes possíveis para o presidente da República", ressaltou.

Lobão disse no evento que o Brasil caminha para a auto-suficiência no setor de gás natural, mas observou que a compra do produto da Bolívia não será abandonada. De acordo com o ministro, o Brasil alcançou um "patamar invejável" no cenário internacional do setor e afirmou que, no futuro, o país deverá aproveitar oportunidades de exportação de gás natural. Ele não fez previsões, contudo, sobre quando o país poderá iniciar a exportação de gás.

"Seguramente seremos auto-suficientes de gás. Seguramente teremos mais condições de exportar do que a Bolívia, sobretudo por causa das nossas condições geográficas aqui. Além disso, poderemos usar o GNL (Gás Natural Liquefeito) também", disse o ministro.

Lobão afirmou ainda que o plano de construção de usinas nucleares será ajustado no futuro para geração de até 60 mil megawatts a partir dessa fonte de energia dentro dos próximos 50 anos. Na semana passada, o ministro disse que o país pode construir até 50 usinas nucleares nesse prazo. Atualmente, há uma usina em construção, Angra 3, e o planejamento para montagem de quatro, duas no Sudeste e duas no Nordeste.

"Vamos reajustar, rearrumar isso tudo, nosso plano de 30 anos. A França fez 58 mil MW em energia nuclear há 30 anos, então, porque não poderemos fazer isso em 50 anos", afirmou.