Título: País quer aumentar exportações para Cuba
Autor: Landim, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 17/09/2008, Brasil, p. A3
"O momento de entrar no mercado cubano é agora, não daqui há cinco anos", disse o coordenador de eventos internacionais da Agência de Promoção de Exportações (Apex), Juarez Leal. É com a convicção de que a abertura da economia cubana já começou que o governo brasileiro tenta convencer os empresários nacionais a exportar para o país.
Com as transformações promovidas por Raúl Castro, que sucedeu o irmão Fidel, Cuba começou uma abertura gradual pelos setores de turismo e telecomunicações. O temor das autoridades que cuidam da promoção da exportação é que se o Brasil demorar mais um pouco o mercado cubano já estará tomado pelos concorrentes, principalmente chineses e europeus.
Um evento realizado ontem em São Paulo pela Apex reuniu 150 empresários brasileiros interessados em exportar para Cuba. Estudo realizado pela agência detectou alguns setores em que o Brasil pode crescer as exportações: alimentos, construção civil, máquinas e equipamentos, tecnologia e saúde.
O diagnóstico da inteligência comercial da Apex é que a decisão do governo cubano de incrementar a produção agrícola e o crescimento do turismo vão aumentar a demanda por máquinas agrícolas, máquinas para a construção civil e materiais de construção. E o Brasil é um dos poucos países da região capazes de suprir essa demanda.
"Estive quatro vezes em Cuba. Preciso ainda vencer algumas barreiras culturais, mas é um mercado promissor", disse Diego Fernandes de Souza, trader da Metalúrgica Tubos de Precisão (MTP), situada em Guarulhos. A empresa vende tubos para usinas de cana-de-açúcar.
De acordo com o executivo, Cuba está recuperando e construindo novas usinas de açúcar, aproveitando os bons preços do produto e a demanda internacional. Ele disse que o investimento para vender em Cuba é menor, porque apenas uma empresa é autorizada pelo governo para fornecer equipamento para as usinas. A MTP recebeu um pedido de cotação de preços de 1,5 mil toneladas de tubos. Para cerca de sete clientes na Argentina, por exemplo, vendeu 1,3 mil toneladas em 2007.
O comércio entre Cuba e Brasil ainda é muito reduzido. De janeiro a agosto, o país exportou US$ 335 milhões para os cubanos, o que significou alta de 74% em relação a igual período de 2007. Depois de subir 86% em 2005 e 40% em 2006, as exportações recuaram 5,8% no ano passado.
O Brasil é o 11º fornecedor de produtos para Cuba, respondendo por apenas 3% das importações totais da ilha, segundo a Oficina Nacional de Estatísticas da ilha. Com uma fatia de 17%, o principal fornecedor é a Venezuela, graças ao petróleo.