Título: Oferta de gás pode triplicar com o pré-sal
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 17/09/2008, Brasil, p. A5

Os campos sob a camada de sal da bacia de Santos, incluindo Júpiter, Tupi, Iara e Carioca, podem triplicar a oferta de gás no Brasil, avaliou ontem a Gás Energy Participações, assessoria empresarial do setor. "Júpiter, Tupi, Iara e Carioca têm potencial de produzir 120 milhões de metros cúbicos por dia", disse o sócio-diretor da consultoria, Marco Tavares, em entrevista a jornalistas durante a Rio Oil & Gas 2008. Atualmente, a Petrobras produz cerca de 62 milhões de metros cúbicos de gás natural , mas disponibiliza apenas 35 milhões para o mercado. O consumo é de 60 milhões de metros cúbicos por dia, mas o país precisa de uma complementação dos 31,7 milhões vindos diariamente da Bolívia.

Desses quatro blocos, apenas Tupi e Iara tiveram potencial projetado, de 5 a 8 bilhões de barris e 3 a 4 bilhões de óleo equivalente, respectivamente. Ele destacou que mesmo que, por exemplo, 40 milhões de metros cúbicos do volume de 120 milhões tenham de ser usados para a reinjeção nos poços, para otimizar a produção de petróleo, essa região petrolífera ainda ofertaria ao país 80 milhões de metros cúbicos.

"As oportunidades que vão se abrir serão fantásticas. Mesmo reinjetando 40 milhões, vamos produzir mais do que o dobro do que a gente produz hoje", destacou. Segundo Tavares, a melhor forma de a Petrobras e outras empresas que atuam nessa região transportarem o gás seria, primeiro, liquefazendo o produto ainda em alto-mar e depois transportando-o via navios. Essa possibilidade já está em estudo por técnicos da estatal, conforme anunciou, recentemente, a diretora de Gás e Energia da Petrobras, Maria das Graças Foster. Segundo ela, a empresa poderá ter as primeiras plantas de gaseificação em alto-mar do mundo e a Petrobras poderia até exportar o excedente.

Por meio de uma estrutura de transporte de gás natural liquefeito - a Petrobras já está implantando dois terminais de regaseificação e tem projeto para um terceiro -, o Brasil poderia não apenas suprir as suas necessidades com o gás do pré-sal, mas também exportar o produto, especialmente para países da América do Sul, que também estão montando estrutura semelhante para receber o produto, argumentou o consultor.

O gerente de Exploração e Produção do Pré-Sal em Santos, José Formigli, comentou as projeções feitas pela Gas Energy. Segundo ele, a previsão é "um pouco otimista". "Pode ser, mas pode não ser também. Não sei de onde as pessoas conseguem tirar esse número sem saber quantas unidades são. É boa estimativa, mas tem que ter boa bola de cristal", afirmou.

Formigli explicou que a Petrobras vai apresentar, juntamente com o plano estratégico da companhia para o período 2009-2020, a estimativa de produção dos campos do pré-sal na bacia de Santos em 2017, e confirmou que não há definição sobre os três primeiros campos do pré-sal que receberão os projetos-piloto de exploração. "O primeiro piloto é em Tupi. Os outros dois não decidimos ainda onde vai ser", afirmou Formigli, que participou ontem da Rio Oil & Gas.

O executivo confirmou que serão construídas 11 plataformas do tipo FPSO - incluindo as três do projeto-piloto - para instalação no pré-sal da bacia de Santos. "Vamos colocar essas unidades onde melhor for para colocar em produção, e combinando com os sócios", acrescentou, lembrando que serão oito plataformas com capacidade de produção de 120 mil barris diários e três com capacidade de 100 mil barris diários de petróleo.

Formigli explicou que a definição da produção no pré-sal em 2017 será divulgada de maneira global, e não campo a campo. "É certo que haverá a divulgação da produção estimada para 2017, e como o plano estratégico vai até 2020, a diretoria poderá divulgar a estimativa para além de 2017", disse. A expectativa é que a estatal apresente o plano estratégico em outubro, enquanto o novo plano diretor - que traz as expectativas e direcionamento de longo prazo - deve ficar pronto em dezembro. (Agências noticiosas)