Título: Lula adia reunião em que vai analisar propostas para o modelo
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 17/09/2008, Brasil, p. A5

A decisão sobre o modelo de exploração da camada de pré-sal a ser adotado pelo governo brasileiro foi mais uma vez adiada. Durante recepção ontem, no Itamaraty, ao primeiro-ministro da Noruega, Jens Stoltenberg, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a reunião com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, para analisar o assunto, ocorrerá apenas no início de outubro. "Eu pedi para conversar com o Lobão lá pelo dia 5, porque no fim de setembro estarei viajando para Nova York e Canadá", afirmou o presidente.

É a segunda alteração de data, e como 5 de outubro é um domingo, dia das eleições municipais, provavelmente haverá uma terceira alteração. O cronograma inicial previa que os trabalhos da comissão interministerial criada para discutir as formas de exploração do pré-sal concluiria seus trabalhos no dia 19 de setembro. Lobão solicitou ao presidente uma prorrogação de prazo, transferindo o relatório final para o dia 30. Agora foi a vez do presidente solicitar mais tempo.

Ao lado do governante norueguês, cujo país tem um modelo de exploração que atraiu a atenção do governo brasileiro por ter sido criada uma estatal específica para administrar a extração do petróleo das camadas mais profundas do oceano, Lula disse que o Brasil precisa encontrar seu próprio caminho. "Estudamos o modelo norueguês, mas cada país tem de definir suas ações com base em suas próprias características", afirmou o governante brasileiro.

Lula admitiu que a Noruega, por possuir uma das principais companhias petrolíferas do mundo, terá plenas condições de auxiliar o Brasil neste novo momento. "Além da capacidade petrolífera, a Noruega tem uma indústria naval bastante desenvolvida, o que pode nos auxiliar na extração de petróleo e gás do pré-sal", afirmou o presidente brasileiro.

O que chamou a atenção de Lula, contudo, foi o fato de que os empresários noruegueses pagam 78% em impostos de royalties e participações especiais para o governo. Um percentual abaixo do brasileiro, que chegaria, no máximo, a 65%. "E eles não reclamam."