Título: Preço de energia nova para 2011 tem queda em leilão
Autor: Goulart, Josette
Fonte: Valor Econômico, 18/09/2008, Brasil, p. A2
O preço da energia nova contratada ontem no leilão A-3, que prevê entrega para 2011, caiu mais de 4,5% se comparado ao leilão do ano passado. A queda se deu em função da disputa acirrada entre os vendedores, que fez com que as negociações durassem quase 11 horas em 73 rodadas. Ao todo foram vendidos 1.076 MW médios de energia que ultrapassou em 11% a demanda apresentada pelas distribuidoras de energia. O giro financeiro ficou em R$ 18,16 bilhões que será repassado a dez usinas termelétricas ao longo de um período de 15 anos.
Além de preço menor e número de rodadas recordes registrados em todos os leilões de energia nova do governo, desde 2005, ontem pela primeira vez foi vendida uma nova usina termelétrica movida a Gás Natural Liquefeito (GNL). O GNL substitui o gás natural proveniente da Bolívia e será importado pela Petrobras a partir do ano que vem.
Dos dez empreendimentos novos vendidos ontem, seis ficam no Estado da Bahia. O maior deles é justamente uma usina movida a GNL, do Consorcio Agroenergia. O empreendimento garantiu uma receita fixa anual de R$ 87 milhões na venda de 169 MW médios de energia.
O leilão começou com o preço em R$ 150,00 e terminou com o preço médio de R$ 128,42, contra os R$ 134,67 do ano passado. O valor chegou a ficar alguns centavos menor do que a energia contratada no leilão de A-3 realizado em 2006 e cuja energia começa a ser entregue no ano que vem.
De acordo com o diretor de estudos da energia elétrica da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), José Carlos de Miranda Farias, a disputa acirrada e a busca constante dos empreendimentos por equipamentos mais econômicos tende a fazer com que o preço também caia no leilão de A-5, que entrega energia a partir de 2013, e acontece no fim de setembro.
Entre as distribuidoras, a principal compradora foi a AES Sul que ficou com 20% do que foi vendido. De acordo com o presidente da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), Antônio Carlos Fraga Machado, a demanda da distribuidora foi em função da descontratação de Uruguaiana. Há menos de um mês a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) permitiu o fim dos contratos da usina de Uruguaiana em função dos problemas com a entrega do gás natural usado na usina e que é proveniente da Argentina. Com essa decisão, a AES Sul ficou com 15% de sua energia descontratada.