Título: Aécio promete R$ 1,5 bilhão a Lacerda
Autor: Jorge, Danilo
Fonte: Valor Econômico, 18/09/2008, Política, p. A9

Danilo Jorge Para o Valor, de Belo Horizonte 18/09/2008O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), vai virtualmente se responsabilizar pelos investimentos da Prefeitura de Belo Horizonte nos próximos dois anos, caso o seu candidato, Márcio Lacerda (PSB), vença as eleições. O objetivo é fazer de Lacerda, se aprovado no teste das urnas de outubro, o prefeito mais bem avaliado do país em 2010, quando a sucessão presidencial estiver em pleno curso. O governador tucano é um dos nomes cotados dentro do seu partido para a disputa pelo Palácio do Planalto.

Segundo Aécio, o governo estadual deverá aportar pelo menos R$ 1,5 bilhão na capital. Esse montante, de acordo com Lacerda, corresponderia a mais do que o dobro dos R$ 600 milhões gastos anualmente pela prefeitura em novos investimentos.

"Você terá nos próximos dois anos o maior volume de investimento do governo do Estado em Belo Horizonte em toda a sua história", afirmou Aécio ontem, durante o lançamento das propostas de governo de Márcio Lacerda. "Belo Horizonte vai mostrar que é com generosidade, com espírito público, com horizonte largo que se constrói uma proposta política. Não se trata de uma eleição. Trata-se do início de um novo ciclo político", discursou o governador.

A incursão estadual na esfera municipal não vai se dar apenas por meio da aplicação de recursos. O governador afirmou que pretende estabelecer um modelo de discussão compartilhada dos planos de despesas da prefeitura e do Estado. "O orçamento da prefeitura vai ser previamente discutido com o Estado. Vamos agir de forma complementar. A prefeitura define as suas prioridades e o governo acopla seu orçamento a essas prioridades, contemplando com recursos", disse.

Com o apoio do governo estadual, verbas federais, recursos multilaterais e empréstimos externos, Lacerda avalia que os investimentos acumulados em quatro anos da prefeitura podem subir de R$ 2,4 bilhões para R$ 5 bilhões. "Com essa ajuda e parcerias privadas, podemos chegar, por baixo, a esse valor", afirmou o candidato. Ele prometeu adotar na administração municipal o "choque de gestão" implementado por Aécio há cinco anos no governo estadual, sob críticas pesadas do PT.

O desempenho de uma possível gestão de Lacerda à frente da administração da capital terá peso importante para as pretensões futuras de Aécio e o prefeito Fernando Pimentel (PT), os dois avalistas da candidatura do socialista. "Não é em nome de nenhum partido que estamos aqui. Por isso caminhamos juntos e pagamos um preço por essa caminhada", desabafou Pimentel, em referência as dificuldades enfrentadas por ele para assegurar, no interior de seu partido, a união entre tucanos e petistas.

Pimentel fez críticas indiretas às lideranças paulistas de seu partido e aos ministros do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, e da Secretaria Geral da Presidência da República, Luiz Dulci, que se opõem à aproximação entre PT e PSDB na sucessão da capital. "Alguns talvez não tenham entendido o alcance do que fazemos em Belo Horizonte. Talvez quem sabe por perder muito tempo nos planaltos, na região de Goiás, onde o clima é mais seco e árido. Ou quem sabe voltaram muito o seu olhar para os altiplanos ali da terra de onde saíram os bandeirantes e de onde vem a fumaça das fábricas", discursou Pimentel.