Título: Cade aprova compra da Anheuser
Autor: Basile, Juliano
Fonte: Valor Econômico, 18/09/2008, Empresas, p. B4
A compra da Anheuser-Busch pela Inbev foi aprovada ontem pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) do Ministério da Justiça. Apesar do gigantismo da operação - o maior negócio já realizado no mercado de cervejas no mundo -, o Cade concluiu que ela gerou poucos efeitos sobre a concorrência no Brasil.
A Anheuser-Busch possui meros 0,0123% do mercado brasileiro de cervejas. O percentual é proveniente de importações da marca Budweiser. A InBev , controladora da AmBev, continua firme na liderança do mercado nacional, com 67,79%, segundo o relatório do Cade. Assim, a operação levou a InBev a chegar a 67,80%. Suas concorrentes possuem juntas 32,19% do mercado.
O relator do processo, conselheiro Vinícius Carvalho, colocou o caso para julgamento pelo rito sumário - um procedimento simplificado de votação em que os conselheiros, após verificar que não há preocupações à concorrência, decidem seguir o voto do relator. Ele ressaltou que as secretarias de Acompanhamento e de Direito Econômico (Seae e SDE) dos ministérios da Fazenda e da Justiça já haviam manifestado opinião pela aprovação do negócio.
Vinícius Carvalho verificou que a Anheuser é a principal fabricante de latas de alumínio dos Estados Unidos e uma das maiores recicladoras do material do mundo. Além disso, a empresa é uma das maiores operadoras de parques temáticos daquele país. Mas, no Brasil, opera apenas com a marca Budweiser, com menos de 1% de participação no mercado nacional. Já a InBev detém participação societária de pouco mais de 5% em sociedades da empresa americana no Brasil: a Anheuser-Busch Brasil Holdings e a Budweiser Brasil.
O relator ainda considerou que há grandes empresas estrangeiras que poderiam ingressar no mercado brasileiro, como a britânica SABMiller e a holandesa Heineken. "Não há óbice (impedimento) de natureza concorrencial a essa operação", concluiu. O voto de Carvalho foi seguido pelos demais conselheiros por unanimidade.
Em 2005, o Cade aprovou a união entre a AmBev e a Interbrew ao constatar que a cervejaria belga possuía só 0,001% do mercado nacional de cervejas. Aquele negócio levou à criação da InBev. Já a fusão entre Brahma e a Antarctica, que resultou na AmBev, foi aprovada em 2000, com a obrigação de a marca Bavária ser vendida, o que foi feito pela nova companhia.