Título: No Brasil, Morgan Stanley cresce
Autor: Adachi, Vanessa
Fonte: Valor Econômico, 18/09/2008, Finanças, p. C5
A crise dos bancos de investimento americanos, que agora ameaça fazer do Morgan Stanley a sua próxima vítima, pega a instituição em fase de expansão no Brasil. Neste exato momento, por exemplo, o Morgan negocia a aquisição de fatia relevante numa empresa brasileira, com recursos da tesouraria do banco e não de fundos de clientes. Seria o primeiro investimento proprietário. Nos últimos tempos, assim como seus concorrentes, o Morgan vem implementando um esforço para tentar ganhar participação no mercado brasileiro.
Em abril deste ano, o chefe da área de banco de investimento do Morgan para a América Latina, Charles Stewart, disse que a instituição queria ganhar mercado nos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China) e que a restrição de capital, já sentida lá atrás, não prejudicaria os planos de crescer por aqui.
Agora que o cenário se deteriorou muito mais, o futuro no país torna-se mais incerto. Ontem, a assessoria de imprensa do banco reafirmou o comprometimento do Morgan Stanley com o Brasil e a América Latina. Mas o fato é que não é só uma questão de vontade.
Lá fora, o Morgan vem defendendo seu modelo de banco de investimento independente, enquanto cresce a pressão de investidores para que ele aceite unir sua atividade com um banco comercial, a exemplo da venda da Merrill Lynch para o Bank of America. Ontem, surgiram rumores de que ele estaria em negociações com o Wachovia e outros.
Numa hipotética venda do banco nos Estados Unidos, o futuro dependeria do novo controlador. O Wachovia, por exemplo, deixou o Brasil de forma mal explicada no fim de junho. Da noite para o dia, fechou no Rio e em São Paulo os escritórios de representação do Wachovia Securities, que fazia aconselhamento financeiro, administração de recursos e corretagem. Comenta-se que o banco seria alvo de uma operação da Polícia Federal, a exemplo do que já ocorrera com outros private bank estrangeiros.
Caso a matriz fosse comprada por um banco sem interesse pelo Brasil, a filial brasileira teria pouco valor de venda, avaliam executivos do mercado financeiro. Apesar de uma operação nada desprezível, seu principal ativo são a marca (placa) e as pessoas. A marca não poderia ser aproveitada e quanto às pessoas seria mais simples contratá-las. Presente no Brasil desde 1997, atualmente, o banco tem cerca de 200 funcionários. Atua em investment banking, corretagem, commodities e investimento no mercado imobiliário por meio de um fundo de private equity.