Título: Incentivos levam fábrica da Schincariol ao Pará
Autor: Raimundo José Pinto
Fonte: Gazeta Mercantil, 17/09/2004, Gazeta do Brasil, p. B-13

Grupo assinou com o governador Simão Jatene acordo para investimento de R$ 229 milhões na unidade de Benevides. Depois da fábrica de Igrejinha, no Rio Grande do Sul, que será inaugurada agora em outubro, a Schincariol deverá colocar em operação a sua oitava unidade de produção em julho do próximo ano no município paraense de Benevides, na região metropolitana de Belém. Foi o que garantiu o diretor financeiro de planejamento do Grupo Schincariol, José Francischinelli, ao assinar ontem, junto com o governador Simão Jatene, do Pará, o termo de acordo para a construção da fábrica, com a concessão de incentivos fiscais por parte do estado. Além dessas oito unidades, a empresa estuda novos investimentos no Ceará, em Minas Gerais e no Paraná.

O investimento da empresa na unidade de Benevides será de R$ 229 milhões, com a geração de 240 empregos diretos e outros 2.400 indiretos. A fábrica terá capacidade para produzir 2 milhões de hectolitros ao ano, sendo 1,5 milhão de cerveja e 500 mil de refrigerantes, sucos e água mineral. A produção será o equivalente a 330 milhões de garrafas de 600 ml por ano, ou 11 dessas garrafas por segundo.

Com essa fábrica, o Grupo Schincariol espera aumentar sua participação no mercado de cerveja da região Norte dos atuais 17% para cerca de 26% no final de 2006, segundo José Francischinelli. Hoje o Norte representa entre 4% a 5% do mercado nacional de cerveja. O mercado de Belém é dominado pela Cerpa, que possui até então a única fábrica de cerveja paraense.

Francischinelli disse que a decisão de implantar a unidade no Pará foi tomada porque o grupo estava com deficiência de produção para atender a crescente demanda dos estados do Norte e Nordeste. Isso levou à antecipação em mais de um ano no prazo de operação da fábrica, que era inicialmente para setembro de 2006. "Benevides foi escolhido também pelo potencial de crescimento que tem o estado do Pará, pela qualidade de sua água e também por uma questão de logística, pois vamos atender também os mercados do Tocantins, do Amapá e do Amazonas", disse ele.

O diretor do Grupo Schincariol afirmou ainda que o objetivo da empresa é chegar em 2006 como a segunda marca de cerveja do País (hoje está em terceiro lugar). Atualmente, de acordo com o Instituto AC Nielsen, a Schin possui 13% do mercado. "Mas acreditamos que esse número é maior, em torno dos 15%, porque o Nielsen não pesquisa totalmente os estados do Norte e Nordeste, onde temos maior participação", disse Francischinelli.

Ano passado, o grupo teve o melhor desempenho de sua história, com um faturamento de R$ 1,74 bilhão - crescimento de 182% em relação ao ano anterior. Para este ano, a empresa espera atingir um faturamento de R$ 2,5 bilhões, com o pagamento de R$ 1,1 bilhão em impostos. Cerca de 80% do faturamento de 2003 foi gerado pelo segmento cerveja. O sucesso alcançado pela Nova Schin foi o grande responsável por esses resultados, contribuindo com 121% de crescimento no faturamento global do Grupo Schincariol. Em quatro meses, seus volumes de produção cresceram 50%.

Plena capacidade

Segundo Adriano Schincariol, diretor de marketing do grupo, as suas seis atuais fábricas estão operando a plena capacidade, em regime de três turnos. Em 2003 foram abertas 2 mil novas vagas no grupo, fechando o ano com cerca de 7 mil empregados diretos e mais 13 mil indiretos. "Poucas indústrias criaram tantos empregos no Brasil como a nossa empresa", afrima Adriano.

José Francischinelli informou ainda que só a fábrica de Benevides deverá gerar um faturamento de R$ 1,7 bilhão em dez anos, com a geração de R$ 700 milhões em impostos, isso apesar do incentivo de 95% de crédito presumido sobre o produto final da fábrica concedido pelo estado, dentro de sua política de incentivos fiscais.

O secretário estadual de Indústria, Comércio e Mineração, Ramiro Bentes, explicou que o que o governo está abrindo mão em parte é de um imposto futuro. "Esse imposto não existe hoje e não existiria se não houvesse essa fábrica da Schincariol, pois se o governo não concedesse esse incentivo, por certo a empresa decidiria construí-la em outro estado. E o que se abre mão é de parte significativa do imposto devido, aquele que é gerado diretamente pela empresa. Em compensação, essa empresa vai consumir energia, que é taxada, vai gerar empregos e essas pessoas vão às compras com suas remunerações, pagando impostos. Isso acaba criando uma cadeia que compensa, tanto que a arrecadação estadual tem sido crescente, apesar de já estarmos caminhando para cerca de 200 empreendimentos incentivados no estado", disse.

O governador Simão Jatene reforçou essa colocação, ao afirmar que, ao aumentar o consumo, se gera empregos "e também se gera a possibilidade de ampliar a cobrança de impostos em outros setores e nas atividades que complementam aquela atividade que está sendo incentivada". E que só tem uma maneira de reduzir a desigualdade entre as regiões, que é através do aumento da produção. "Com esses incentivos, o que se busca é dar competitividade para que as empresas que vêm para o estado possam competir no mercado nacional." Jatene ressaltou que a instalação da fábrica da Schin é mais um sinal de que o Pará vem superando, nos últimos anos, a fase de simples extrativismo. E que desde 2000 o estado vem apresentando saldos positivos.

kicker: Nova planta poderá produzir até 2 milhões de hectolitros por ano