Título: Incertezas em relação ao pacote norte-americano afeta as bolsas
Autor: Nascimento, Iolanda
Fonte: Gazeta Mercantil, 23/09/2008, Finanças, p. B2

São Paulo, 23 de Setembro de 2008 - As incertezas sobre o pacote de ajuda do governo norte-americano ao sistema financeiro no valor de US$ 700 bilhões derrubaram ontem as bolsas em Wall Street. O arrefecimento das expectativas também contaminou o mercado doméstico, levando a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) a encerrar em baixa de 2,86%, nos 51.540 pontos. Nem mesmo a disparada do preço do petróleo no mercado internacional foi suficiente para fazer a Bovespa encerrar o dia em território positivo. No mercado de petróleo, a expectativa de definições sobre o pacote de ajuda do governo norte-americano ao sistema financeiro somada à volatilidade pela última sessão dos contratos futuros de outubro levou a commodity a registrar a maior alta diária. O preço do barril de petróleo WTI, negociado no pregão de Nova York, encerrou o dia com avanço de 17% para US$ 122,60. A desvalorização do dólar frente às outras divisas impulsionou a alta no preço do barril de petróleo."O impacto do plano de ajuda do governo americano ao setor financeiro gerou dois incômodos: o primeiro é de que o pacote não seja suficiente para aplacar a crise. O segundo é de que o pacote é suficiente o bastante para derrubar o dólar", avalia o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves. Para o economista-chefe do Banco Fator, é preciso que o governo conclua logo o pacote de ajuda a fim de evitar uma maior volatilidade nos mercados. "A percepção do mercado é de que com o pacote do governo o dólar vai valer menos. A recuperação será feita às custas de um dólar mais fraco", afirma Gonçalves. Em Wall Street, as bolsas fecharam a sessão com perdas de mais de 3%, num dia em que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) injetou mais US$ 95 bilhões no sistema bancário. Os principais bancos centrais seguiram o exemplo do Fed e também ampliaram a oferta de recursos para acalmar a tensão financeira. O índice Dow Jones fechou em baixa de 3,27% para 11.015 pontos. O índice S&P 500 apresentou recuo de 3,82% para 1.207 pontos e o Nasdaq teve perdas de 4,17% para 2.178 pontos. No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou o dia em baixa, seguindo a tendência internacional de depreciação frente às demais divisas. A moeda norte-americana terminou a sessão com perdas de 1,97% cotado em R$ 1,794 na venda. No entanto, a moeda já acumula ganhos de 10,06% no mês e 1,56% ao longo do ano. No mercado de juros futuros negociados no pregão da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), os contratos fecharam o dia em queda, repercutindo os dados do boletim semanal Focus, do Banco Central (BC). Os analistas reduziram de 6,26% para 6,23% a previsão do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste ano, dentro da meta fixada pelo governo federal. Em 2009, inflação pode ser de 4,97%, abaixo da semana anterior (4,99%). O contrato DI de janeiro de 2010, o mais líquido, fechou com taxa anual de 14,79%, ante 14,83% do ajuste anterior. O contrato DI de janeiro de 2012 apontou taxa anual de 14,50%, ante 14,56% do ajuste anterior. No curto prazo, os contratos encerraram a sessão de ontem estáveis. O contrato DI de outubro registrou taxa de 13,60%, ante 13,59% apurado no último ajuste. O contrato de janeiro de 2009 fechou a sessão com taxa anual de 14,04%, mesma registrada no último ajuste. (Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 2)(Ana Cristina Góes)