Título: Zona Franca luta para...(Pág.A-4)
Autor: Patrícia Nakamura
Fonte: Gazeta Mercantil, 20/09/2004, Primeira Página, p. A-1

Entretanto, a região luta para conseguir compensações para o fim da isenção e do direito de crédito concedido na venda de matérias-primas e componentes brasileiros às empresas da ZFM. "A medida acaba onerando toda a cadeia. O governador do Amazonas, Eduardo Braga, tem audiência em Brasília, no próximo dia 24, para discutir a questão."

A projeção da Suframa é alcançar uma corrente de comércio (exportações mais importações) de US$ 2,5 bilhões a US$ 3 bilhões entre 2006 e 2007. Dos novos investimentos já aprovados pela superintendência neste ano, da ordem de US$ 1 bilhão, pelo menos US$ 600 milhões são voltados a empresas de componentes. A ZFM também está na disputa para abrigar, no pólo industrial, uma fábrica de semicondutores com sede na Europa. O nome da empresa não foi revelado. Brigam pela instalação da unidade, além do Amazonas, os estados de São Paulo, Pernambuco e o Rio Grande do Sul, além de outros países.

"O Brasil voltou a figurar no mapa dos interessados em desenvolver microtecnologia", disse Ianck. De acordo com ele, a empresa estuda quais linhas de produção devem ser trazidas para o País. A primeira opção é a instalação de uma unidade de chips dedicados (utilizados em apenas uma determinada aplicação, como áudio ou vídeo), que exigirá investimentos da ordem de US$ 200 milhões. A outra é trazer para o Brasil equipamentos que abrange um largo espectro de utilização. Esse projeto é estimado entre US$ 1 bilhão e US$ 2 bilhões. "Esse montante inclui também a possibilidade de desenvolver os circuitos localmente para diversas fábricas da região, agregando mais valor à produção local" (Ver mais sobre semicondutores na página A-13).

A meta "otimista" de faturamento das empresas do pólo industrial de Manaus para este ano está mantida em US$ 14 bilhões, considerado recorde - no ano passado, a receita das empresas da região foi de US$ 10 bilhões. "O aquecimento das vendas internas foi o fator que mais contribuiu para esse resultado", disse Flavia Grosso. Por conta da demanda interna as exportações não deverão observar o mesmo crescimento. "As empresas optaram por abastecer o mercado brasileiro, ao invés de vender lá fora, porque não estavam preparadas para atender aos dois mercados. Esse problema deverá ser resolvido em breve, uma vez que as empresas têm planos projetos de ampliação de suas linhas."

Foi também a demanda do mercado interno que evitou que a sobretaxa de 21% imposta pelo governo argentino a televisores produzidos na ZFM prejudicasse as empresas locais. "O problema foi sentido de maneira desigual pelas indústrias, pois algumas têm vendas modestas para a Argentina. Creio que a taxação é injusta, pois não houve um crescimento exagerado das vendas; a base de comparação é que era extremamente baixa", disse Ianck. "Conversamos com o Mdic e a Eletros e articulamos juntos estratégias para reverter essa situação. A Suframa deverá participar das próximas negociações com a Argentina."

A Suframa também tenta melhorar o desempenho das vendas externas de produtos regionais. Por meio do Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA), a superintendência promove a melhoria da capacidade de produção e a certificação internacional de alimentos e cosméticos, principalmente os produzidos por pequenas e médias empresas. "Assim temos mais chances de sermos submetidos com êxito à analise de órgãos como o norte americano Food and Drug Administration (entidade que regula medicamentos e alimentos)", disse Ianck.

É o caso da cadeia do açaí, fruta típica da Amazônia, cujos produtos conseguiram o selo de inspeção federal, abrindo as portas para novos negócios. O centro também formalizou parceria com a companhia de cosmésticos Vitaderm (que constrói uma unidade fabril na ZFM) para realizar uma série de pesquisas com plantas da Amazônia.

As rodadas promovidas durante a II Feira Internacional da Amazônia, encerrada no último sábado em Manaus, geraram às pequenas e médias empresas negócios da ordem de US$ 2 milhões, o dobro do obtido na primeira edição. O evento reuniu cerca de 200 mil visitantes, além de delegações de 40 países.