Título: Déficit chega a R$ 4 bilhões em agosto
Autor: Aliski, Ayr
Fonte: Gazeta Mercantil, 24/09/2008, Nacional, p. A6
Brasília, 24 de Setembro de 2008 - O déficit da Previdência Social, em agosto, foi de R$ 4,06 bilhões, resultado de R$ 13,193 bilhões de arrecadação líquida e R$ 17,253 bilhões de despesas com benefícios. O déficit do mês, neste ano, é 86,1% maior que o resultado negativo de R$ 2,771 bilhões registrado em agosto do ano passado. A avaliação da equipe do Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS), que divulgou ontem o resultado do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) de agosto, é de que a elevação é apenas pontual. O motivo é que o aumento da despesa, no mês passado, reflete o pagamento da primeira parcela do 13 salário para quem recebe até um salário mínimo, que anteriormente ocorria somente no final do ano. Sem a antecipação dessa despesa, que soma cerca de R$ 1,4 bilhão, o déficit da Previdência em agosto seria de R$ 2,66 bilhões, representando queda de 4% na comparação com o resultado de agosto do ano passado. Segundo o ministro da Previdência, José Pimentel, há, inclusive, tendência de queda do déficit do setor em 2008. Inicialmente projetado para a marca de R$ 44 bilhões, o ministério começa a trabalhar com perspectiva de déficit R$ 4 bilhões menor. "No Orçamento da União nós prevíamos uma necessidade de financiamento de R$ 44 bilhões. Com a realização das receitas em 2008 e com a boa gestão que está sendo feita, esse número deve ficar em R$ 38 bilhões, com viés de baixa", disse o ministro. A arrecadação líquida da Previdência social em agosto foi de R$ 13,193 bilhões, valor 5,4% superior aos R$ 12,519 bilhões de igual mês de 2007 e 0,5% menor que os R$ 13,258 bilhões de julho deste ano. As despesas com benefícios previdenciários somaram R$ 15,853 bilhões no mês passado, desconsideradas as despesas excepcionais, as quais incluem o pagamento do 13 salário. Esse resultado é 3,7% superior aos R$ 15,290 bilhões de agosto de 2007 e 2,7% maior que os R$ 15,439 bilhões de julho deste ano. Se considerada a despesa total, com o 13, de R$ 17,253 bilhões, há crescimento de 12,8% na comparação com agosto do ano passado e de 11,7% na relação com julho deste ano. No acumulado dos oito primeiros meses do ano, a arrecadação líquida da Previdência soma R$ 101,968 bilhões, o que indica crescimento de 9,6% na comparação com os R$ 93,044 bilhões somados entre janeiro e agosto do ano passado. O resultado acumulado no ano comprova que agosto foi uma exceção no aumento dos gastos, isso quando considerado o pagamento do 13 salário. As despesas previdenciárias acumuladas entre janeiro e agosto deste ano chegam a R$ 126,900 bilhões, crescimento de 4,1% frente aos R$ 119,365 bilhões dos oito primeiros meses do ano anterior. A receita, portanto, está crescendo com mais vigor que a despesa, mas o saldo final ainda não é capaz de fechar a conta, que representa um déficit de R$ 24,931 bilhões no ano. Em igual período de 2007, o rombo era de R$ 28,884 bilhões. A queda da necessidade de financiamento da Previdência foi, portanto, de 13,7%. Em todo o ano passado, o déficit previdenciário atingiu R$ 48,344 bilhões. Conforme o ministro da Previdência, três fatores estão contribuindo para tornar as contas do setor mais equilibradas. Em primeiro lugar, o aumento da formalização do trabalho no Brasil. Entre janeiro e julho, 1,56 milhão de novos empregos foram criados no País, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho (Caged), um recorde desde 1992, quando começou a ser realizado o levantamento. Pimentel destacou, além disso, que o aumento real dos salários também ajuda a reduzir o déficit da Previdência, incentivando os recolhimentos. Em terceiro lugar, o ministro avalia que a melhoria de gestão do MPAS, o que envolve maior eficácia no combate às fraudes, também auxilia na redução do déficit previdenciário. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 6)(Ayr Aliski)