Título: Alckmin parte para o ataque e chama Kassab de dissimulado
Autor: Ribeiro, Fernando Taquari
Fonte: Gazeta Mercantil, 24/09/2008, Política, p. A7

São Paulo, 24 de Setembro de 2008 - Em meio a troca de farpas no ninho tucano, o candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, Geraldo Alckmin, partiu de vez para o ataque ontem e chamou o prefeito Gilberto Kassab (DEM) de "dissimulado". O ex-governador acusou o adversário de cooptar os vereadores tucano-kassabistas com a única estratégia de destruir o PSDB paulistano. "Sempre falei que não tem problema nenhum o DEM ter candidato próprio. Mas quero lamentar aqui o fato de que, desde o início, o Kassab, que chegou indiretamente à prefeitura pelo PSDB, só tenha uma estratégia: destruir o partido que o levou à prefeitura", disse Alckmin durante sabatina realizado pelo jornal Folha de S.Paulo. Segundo ele, o prefeito usa a máquina pública para confundir a opinião pública. "O Kassab é dissimulado. Ele usa as pessoas. Sua estratégia é desconstruir o PSDB de São Paulo para se promover", acrescentou. Alckmin ainda insinuou, sem fornecer maiores detalhes, que os vereadores tucanos que defendem a reeleição do prefeito foram suspeitosamente cooptados. "Você acha normal vereadores do PSDB não apoiarem o candidato do partido? Que mágica é essa?", indagou o ex-governador, que classificou a situação de "vergonhosa". "A Soninha disse grandes verdades. É bom a gente investigar", disse Alckmin, numa referência a acusações feitas pela candidata do PPS à prefeitura paulistana, vereadora Soninha Francine, que em sabatina ao jornal O Estado de S.Paulo afirmou que os parlamentares da Câmara Municipal de São Paulo votam em troca cargos e dinheiro. Ele também acusou Kassab de lotear a prefeitura depois que José Serra (PSDB) deixou o cargo ,em 2006, para concorrer ao governo paulista. Desde que começou a cair nas pesquisas de intenção de voto, Alckmin têm elevado o tom das críticas ao prefeito. De acordo com o Datafolha, os dois estão tecnicamente empatados, com cerca de 20 pontos percentuais, atrás da candidata do PT, a ex-prefeita Marta Suplicy, que tem 37%. Questionado sobre as críticas, o democrata disse que o adversário está nervoso porque está em queda nas pesquisas. Apesar dos ataques mútuos, o ex-governador sinalizou que espera contar com o apoio de Kassab no segundo turno contra Marta. "Quero o voto de todos no segundo turno, que é uma outra eleição. Além disso, tenho a menor rejeição e o meu tempo de TV será igual nesta etapa da disputa". Alckmin ainda rejeitou a idéia de que sua vitória fortalece a candidatura do governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), à Presidência da República nas eleições de 2010. Segundo ele, um resultado positivo na capital paulista favorece a indicação de Serra para concorrer ao Palácio do Planalto daqui a dois anos. Aécio também comentou a briga entre os correligionários e defendeu a união partidária em nome de um projeto de governo do País pelo PSDB. "Essa briga interna, essa disputa de vaidades não tem lugar, não pode ter lugar, num partido que tem um projeto tão ousado que é o de governar o Brasil e fazer o Brasil crescer a indicadores muito mais vigorosos do que está crescendo hoje. Espero que no pós-eleição, qualquer que seja o resultado, estou torcendo muito por Geraldo, nós vamos estar juntos para enfrentar o PT". Contudo, Aécio evitou responsabilizar Serra pela divisão no partido. Desde o início da campanha, Serra segue dividido entre as candidaturas de Alckmin e Kassab. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 6)(Fernando Taquari Ribeiro)