Título: Redistribuição de ministérios exclui Temporão
Autor: Correia, Karla
Fonte: Gazeta Mercantil, 24/09/2008, Política, p. A11

Brasília, 24 de Setembro de 2008 - Tão logo as eleições municipais terminem, a ala governista do PMDB vai colocar na mesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sua proposta de reforma ministerial. Trata-se de uma reengenharia na fatia da Esplanada que já pertence à maior legenda da base de sustentação do governo no Congresso, pensada para recompor os cargos com vistas na sucessão do comando das duas Casas do Legislativo e ampliar os quadros do partido no segundo escalão do governo. O Ministério da Saúde, que administra orçamento de R$ 52,5 bilhões, é o principal alvo da sigla. Além de uma fatia polpuda no Orçamento Geral da União, a Saúde tem outros motivos para despertar a cobiça do partido. Atual comandante da pasta, o ministro José Gomes Temporão é visto na cúpula do PMDB como excessivamente "individualista". No jargão político, isso quer dizer, entre outras coisas, que Temporão, indicação endossada pela bancada carioca do partido no início do segundo mandato de Lula, não cumpriu as expectativas do PMDB na distribuição de cargos. De acordo com um cacique peemedebista, a insatisfação com Temporão é generalizada na legenda. "Ele não tem apoio de sua própria bancada e o resto do partido não faz questão de sua presença no ministério", resume o colega de sigla. A dificuldade do ministro em emplacar programas na área com grande repercussão entre a população, o que automaticamente o transformaria em captador de votos para a legenda, também desagrada os comandantes de seu partido. Os setores do PMDB aliados ao governo vão pedir ao presidente Lula que o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, migre para a pasta de Temporão, que, no desejo dos peemedebistas, deixaria de vez a Esplanada. O atual líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), é o mais cotado dentro da bancada na Câmara para ocupar o lugar de Geddel - que anda irritado com o presidente por conta do apoio escasso de Lula ao PMDB baiano na corrida pelas prefeituras. Responsável pelo gerenciamento das obras de transposição do Rio São Francisco, o Ministério da Integração Nacional conta com dotação orçamentária de R$ 12,8 bilhões neste ano. Pré-sal e Comunicações Duas outras pastas pertencentes à legenda podem entrar na reforma, com vistas à candidatura peemedebista à sucessão no comando do Senado. O ministro mais cotado hoje para deixar a Esplanada e encabeçar a batalha do PMDB pela presidência da Casa Alta do Parlamento é o ministro das Comunicações, Hélio Costa. "É um dos nomes mais fortes nas articulações internas do partido pela presidência do Senado", confirma o suplente de Costa, senador Wellington Salgado (PMDB-MG), que reforça a posição da legenda em ignorar o acordo costurado com o PT por uma alternância entre as duas siglas nos comandos da Câmara e do Senado. Outra hipótese aventada é o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão retornar ao Senado para assumir a candidatura do PMDB à presidência da Casa. A cobiça da legenda sobre a pasta "dona" do pré-sal é um dos obstáculos a serem considerados antes de se definir quem deve deixar a Esplanada e retornar à bancada do PMDB no Senado. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 9)(Karla Correia)