Título: BNDES não tem relação com Equador, diz Dilma
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Fonte: Gazeta Mercantil, 26/09/2008, Internacional, p. A11

Brasília, 26 de Setembro de 2008 - O empréstimo de mais de US$ 200 milhões que o governo do Equador sugeriu que poderia não pagar foi na realidade outorgado à construtora brasileira Odebrecht, que teve seus bens embargados naquele país, disse ontem a ministra-chefe da Casa Civil do Brasil, Dilma Rousseff. "O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) não tem relação com o Equador. Não emprestou dinheiro ao Equador, mas sim à empresa (construtora). Não vamos complicar mais a situação", disse Dilma para tentar minimizar as possibilidades de uma crise com o país vizinho. O governo do Equador havia anunciado esta semana o embargo dos bens da Odebrecht, a militarização de suas instalações e a proibição da saída de representantes da empresa, por um desacordo derivado de danos produzidos na hidrelétrica San Francisco, a segunda maior do país com capacidade de 350 megawatts. Na quarta-feira, o presidente equatoriano, Rafael Correa, endureceu as medidas sugerindo que poderia deixar de pagar um empréstimo do BNDES. "Nós pensamos seriamente em não pagar esse crédito do BNDES, dado por ele por meio da Odebrecht para a construção da (hidrelétrica) San Francisco, e que também tem graves irregularidades", assegurou na quarta-feira o presidente do Equador. "É um dinheiro que é dado à empresa, mas aparece como dívida do Equador com o Brasil", enfatizou Correa. Rousseff pontualizou ontem que o titular da dívida perante o BNDES era a própria Odebrecht e não o governo equatoriano. A ministra-chefe da Casa Civil assegurou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva espera uma negociação "calma" para resolver o desacordo, mas esclareceu que a questão será abordada depois do referendo sobre a Constituição que será realizado no Equador no dia 28 deste mês. "Vamos tratar calmamente deste assunto, que obviamente importa ao Brasil. É uma empresa muito importante para o país. Vamos fazer uma administração calma e tranqüila e esperar passar o momento destas eleições", comentou Dilma. De sua parte, o vice-presidente, José Alencar, disse ontem à imprensa que o Brasil "sempre foi respeitoso em relação a todos os países, e por isso sempre deve e pode exigir respeito dos outros, precisamente pelo fato de ser respeitoso". Na véspera, o próprio Lula havia salientado: "Não tenho dúvidas de que vamos encontrar um acordo". (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 11)(AFP)