Título: Congressistas aprovam pacote americano de US$ 700 bilhões
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Fonte: Gazeta Mercantil, 26/09/2008, Finanças, p. B1

26 de Setembro de 2008 - Os negociadores da Câmara dos Representantes e do Senado dos dois principais partidos americanos disseram ontem ter chegado a um acordo geral para avançar no esforço de resgate de US$ 700 bilhões do sistema financeiro do país proposto pelo governo Bush. Saindo de uma reunião de quase três horas no Capitólio, republicanos e democratas disseram que continuariam trabalhando ontem para completar os detalhes legislativos e dariam início às negociações finais com o Tesouro. O acordo foi anunciado em um dia de encontro dos líderes do Congresso na Casa Branca com o presidente Bush e os dois candidatos presidenciais, John McCain, senador pelo Arizona, e Barack Obama, senador por Illinois. Mas os legisladores dos dois partidos disseram que restavam poucas diferenças essenciais e nenhum grande obstáculo. Eles afirmaram que o projeto de lei vai autorizar o pacote integral de US$ 700 bilhões solicitado pelo presidente Bush, mas que o Congresso tinha intenção de desembolsar a quantia em parcelas.Também disseram que haverá limites para os pacotes de remuneração dos executivos cujas empresas pedem assistência do governo e um mecanismo para o governo receber uma participação acionária em algumas empresas para que os contribuintes tenham oportunidade de ter lucro se as companhias prosperarem nos próximos meses e anos. "Agora espero que de fato tenhamos um plano que possa ser aprovado na Câmara dos Representantes e no Senado, ser assinado pelo presidente, e levar uma mensagem positiva para essa crise que ainda agita os mercados", disse Robert Bennett, republicano de Utah. "Essa é a nossa responsabilidade primária, e acredito que agora estamos preparados para cumpri-la", afirmou. Bennett, um dos membros mais antigos da comissão bancária, fez questão de descrever a reunião como isenta de "postura" política nos comentários que pareciam dirigidos a McCain, que anunciou na quarta-feira que estava suspendendo sua campanha e voltando para Washington para ajudar a garantir um acordo. "Eu aprecio muito meus colegas republicanos que participaram da reunião e foram de grande ajuda", disse Bennett. "Nos concentramos em resolver o problema, em vez de nos posicionar politicamente e foi uma das sessões mais produtivas nesse respeito da qual participei desde que estou no Senado", disse Bennett. A reunião realizada na manhã de ontem, numa ornamentada sala de conferências no primeiro andar do Capitólio, contou com a presença do senador Christopher J. Dodd, democrata por Connecticut e chairman da comissão bancária, e do representante Barney Frank, democrata de Massachusetts e chairman da Comissão de Serviços Financeiros da Câmara dos Representantes. Alguns democratas, que reclamaram na quarta-feira que a decisão de McCain de voltar para Washington era um golpe de publicidade, disseram que a visita à Casa Branca era uma distração. Mas os legisladores concordaram que Bush e os candidatos poderiam ajudar a reunir apoio para o projeto de lei. Num breve discurso no Senado, o líder da maioria, Harry Reid, por Nevada, disse que espera estar em sessão no sábado para lançar seus primeiros votos processuais sobre o plano de resgate, pelo qual o governo planeja comprar dívida podre das empresas financeiras e evitar o que o presidente Bush advertiu poderia ser um colapso econômico generalizado. No discurso exibido na televisão durante o horário nobre da quarta-feira, Bush fez um apelo para o país - e para os relutantes legisladores - apoiarem o plano. E ele convidou McCain e Obama a se encontrarem com ele e com os líderes congressistas numa mostra de cooperação. Depois dos esforços para redigir o texto durante a noite nos dois lados do Capitólio, membros do partido Democrata disseram que haviam completado um texto unificado do projeto de lei. Ver também págs. B2 e B3(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)(The New York Times/ David M. Herszenhorn)