Título: Anac autoriza a união societária Gol-Varig; sindicato teme cortes
Autor: Machado, Ana Paula
Fonte: Gazeta Mercantil, 26/09/2008, Empresas, p. C1

São Paulo, 26 de Setembro de 2008 - A Gol recebeu o primeiro sinal de que a fusão com a Varig sairá ainda este ano. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) aprovou reestruturação societária de suas subsidiárias GTA e VRG. A ação é denominada como uma "reorganização", com vistas a reuni-las em uma única companhia aérea - chamada de "companhia sucessora". Segundo comunicado da Gol enviado ao mercado, a reorganização proporcionará maior eficiência na prestação de serviços de transporte aéreo, pois permitirá integrar as operações da GTA e da VRG, explorar sinergias e ampliar e melhorar a oferta de serviços aos clientes. As marcas "Gol" e "Varig" serão mantidas pela companhia sucessora. A formalização da reorganização será concluída com o registro na Junta Comercial de São Paulo. O presidente da Gol, Constantino de Oliveira Junior, disse durante a teleconferência da divulgação dos resultados do segundo trimestre, que rotas que hoje são sobrepostas nas duas companhias serão canceladas. "Assim conseguiremos aumentar a sinergia entre as empresas e reduzir os custos operacionais", disse Oliveira Junior. A empresa estima ganhos de cerca de R$ 180 milhões com as sinergias previstas com a reestruturação. A presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Graziella Baggio, vê com ressalvas essa reorganização. Segundo ela, é possível que ocorram demissões nos próximos meses. "Isso contraria a engenharia de contrato de compra da Varig, que previa operações e administrações distintas da Gol e da Varig. A premissa básica era que elas não iriam se fundir. Tudo que se acreditava acabou e isso pode trazer conseqüências traumáticas", disse Graziella Baggio. Segundo ela, o sindicato deverá entrar com uma ação na Justiça para evitar demissões fora da convenção coletiva de trabalho. "Poderão ser dispensados primeiro aqueles profissionais que queiram sair da empresa, depois os aposentados, os `aposentáveis¿ e os mais novos de casa. Outra possibilidade é impetrar uma denúncia no Cade, já que o primeiro acordo que foi feito, na ocasião da compra da Varig, era garantir os empregos dos aeronautas da Varig", ressaltou a dirigente. Graziella informou que nos últimos quatro meses cerca de 10 a 20 comissários por mês foram dispensados pela Gol. "Essa situação nos levou várias vezes à companhia para checar os motivos dessas demissões. Vale ressaltar que muitas foram de comum acordo com os profissionais que preferiram sair para se candidatar a vagas em outras companhias, como a Azul e WebJet. Mas o restante não há explicações convincentes. Se essa situação persistir iremos à Justiça para manter os empregos", ressaltou a dirigente. Graziella Baggio disse que durante as visitas do sindicato à Gol, os diretores da empresa negaram "qualquer possibilidade de enxugamento. Mas o ritmo de demissões já preocupa". A sindicalista afirmou que quanto aos pilotos das duas companhias não há, até o momento, sinalização de demissões. "No início do ano, a empresa equalizou os salários dos pilotos da Gol e da Varig e realizou um enquadramento que eliminou a possibilidade de demissões dessa categoria nas empresas". (Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 1)(Ana Paula Machado)