Título: UE demonstra preocupação com impacto da crise na região
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Fonte: Gazeta Mercantil, 25/09/2008, Direito Corporativo, p. A11
25 de Setembro de 2008 - A União Européia (UE) manifestou ontem preocupação com o possível impacto da atual crise financeira no crescimento econômico, descartando novamente um plano de ajuda e priorizando, em troca, o reforço na regulamentação dos mercados. "A situação que enfrentamos na Europa é menos grave e os países membros da UE não consideram nesse momento que seja necessário um plano como o dos Estados Unidos", disse ontem o comissário europeu de Assuntos Econômicos, Joaquín Almunia, no Parlamento Europeu em Bruxelas.Em nome da França , que preside o bloco, o secretário de Estado para Assuntos Europeus, Jean-Pierre Jouyet, também indicou que não se analisa a aplicação de um plano desse tipo, que custará para a principal economia mundial cerca de US$ 700 bilhões. "Os países membros no momento não cogitam uma iniciativa do mesmo tipo que a anunciada pelas autoridades federais norte-americanas", explicou. Almunia e Juyet enfatizaram que a Europa deve se concentrar em melhorar sua vigilância no setor financeiro. "Os acontecimentos dos últimos dias reforçam a necessidade de uma Europa forte e unida no setor financeiro", disse Jouyet. "Devemos reformar nosso sistema financeiro", acrescentou, sublinhando a necessidade de uma "rápida ação legislativa e regulamentar." Por seu lado, Almunia advertiu sobre o possível impacto da atual crise financeira no crescimento econômico, em particular para 2009, enquanto se multiplicam as más notícias nesse setor. "É evidente que os acontecimentos no setor financeiro afetam a economia real." Essa situação propicia uma "significativa erosão na confiança" dos indivíduos e das empresas e uma redução na demanda, explicou Almunia. Ele lembrou que os principais indicadores da atividade econômica prognosticam uma "desaceleração acentuada" do crescimento tanto na UE como na região do euro, compartilhada pelos 15 países do bloco. A Comissão Européia (CE), órgão executivo da UE, reduziu ontem a projeção de crescimento na zona do euro para 2008, para 1,3% do PIB, em lugar da alta de 1,7% estimada em abril. E o próximo ano se anuncia ainda mais difícil. "As incertezas serão maiores em 2009", advertiu Almunia. De acordo com os economistas, a ameaça de uma recessão paira sobre a Alemanha e também sobre a França e Itália , sendo que existem sinais de que o pior ainda está por vir, o que aumentará a pressão sobre o Banco Central Europeu (BCE) para que reduza suas taxas de juros. O presidente do Ifo, Hans-Werner Sinn, assinalou que a tendência de queda do índice de confiança dos empresários alemães Alemanha avança "a passos largos." "Todos os sinais apontam cada vez mais para uma recessão", estimou Joerg Kramer, principal economista do Commerzbank. A confiança dos empresários franceses atingiu o ponto mais baixo em cinco anos, enquanto que a dos italianos caiu para o menor patamar em sete anos, segundo mostram relatórios divulgados em separado. A confiança dos empresários nas três maiores economias da zona do euro declinou mais do que o esperado este mês, em um indício de que o agravamento da crise financeira dos EUA pôs em perigo a expansão do mundo inteiro. Na Alemanha, a maior economia do bloco, o índice sobre o sentimento dos empresários do instituto Ifo, sediado em Munique, atingiu o patamar mais baixo em três anos, caindo de 94,8 pontos em agosto para 92,9 pontos. Os economistas esperavam queda para 94,3 pontos. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 11)(AFP e Bloomberg News)