Título: É preciso respeitar tradição, diz Itamaraty
Autor: Scrivano, Roberta
Fonte: Gazeta Mercantil, 25/09/2008, Internacional, p. A14

Brasília e Nova York, 25 de Setembro de 2008 - O Ministério das Relações Exteriores (MRE) está monitorando constantemente a crise no Equador que envolve a construção de usina hidrelétrica pela Construtora Norberto Odebrecht. A posição do Itamaraty é o de promover um diálogo conciliador, mas também o de proteger os interesses da empresa brasileira, de forma a garantir o cumprimento de contratos. O Itamaraty ressalta, nessa negociação, que a Odebrecht tem um histórico de atuação internacional desde os anos 1970, com obras em locais distintos como EUA, México, América Central e do Sul, Europa, África e Oriente Médio. Essa tradição de presença global seria um dos pilares para mostrar ao governo equatoriano que a Odebrecht age com retidão nos negócios realizados fora de seu país de origem. Em Nova York, a ministra das Relações Exteriores do Equador, Maria Isabel Salvador, disse ontem que a situação da empresa brasileira Odebrecht não afeta as relações bilaterais entre o Brasil e o seu país. Segundo a ministra, o impasse tem a ver com o descumprimento de contratos por parte da empresa, que significam prejuízos para o Equador. "É uma situação que tem a ver com a relação de uma empresa privada com o Estado equatoriano. De nenhuma maneira essa situação afeta as excelentes relações bilaterais que mantemos com o Brasil e com seu governo, com quem temos áreas muito importantes de colaboração em muitos temas", ressaltou. A ministra disse que a demora em tomar uma decisão em relação ao descumprimentos da Odebrecht prova que o governo equatoriano não toma decisões apressadas e apenas em represália a alguma coisa. Os contratos com a Odebrecht no caso da construção da hidrelétrica de San Francisco foram analisados detalhadamente, de acordo com Maria Isabel. "Somos um Estado responsável, que analisa a fundo os temas antes de tomar uma decisão", reafirmou. A ministra não quis comentar sobre a situação do empréstimo do BNDES concedido ao Equador por meio da Odebrecht para a construção da hidrelétrica. "Estamos analisando qual a situação do crédito, mas não posso me pronunciar sobre o assunto", disse. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 14)(Ayr Aliski e Agência Brasil)