Título: Fed quer apoio dos trabalhadores ao pacote de socorro financeiro
Autor: Aliski, Ayr
Fonte: Gazeta Mercantil, 25/09/2008, Finanças, p. B1

25 de Setembro de 2008 - O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Ben Bernanke, e o secretário do Tesouro, Henry Paulson, fizeram ontem um pedido aos americanos da classe trabalhadora para que apóiem a proposta do governo federal de salvar os mercados financeiros, dizendo que isso afetaria as pessoas nas suas vidas cotidianas. "Isto vai ter efeitos reais sobre as pessoas da classe trabalhadora", disse Bernanke aos membros do House Financial Services Committee. Bernanke sugeriu que se o governo federal não agir para tratar o tumulto nos mercados financeiros, corre o risco de enfrentar um desemprego maior e uma desaceleração potencialmente prolongada na economia. "Isso vai afetar suas empresas, vai afetar seus empregos, vai afetar sua economia que vai afetar suas vidas", disse Bernanke. Paulson teve um tom similar, sugerindo que os americanos comuns deveriam estar zangados e com medo da necessidade do governo federal tomar medidas emergenciais para lidar com os mercados financeiros sem liqüidez. Ambas as autoridades estavam fazendo a sua terceira aparição diante de um comitê do Congresso nos últimos dois dias à medida que tentavam convencer os legisladores da necessidade de sancionar uma proposta para permitir que o Tesouro compre até US$ 700 bilhões de ativos a qualquer momento. Os legisladores e a administração Bush estão no processo de negociar os termos finais da proposta, que deve ser ampliada a fim de incluir limites para a compensação executiva para empresas que venderem seus ativos ao governo, entre outras condições. Bernanke disse que os Estados Unidos estão diante de "grave ameaça" à estabilidade financeira e advertiu que a crise do crédito começou a comprometer os gastos corporativos e os do consumidor. "O nível de atividade econômica parece ter-se desacelerado de forma generalizada", disse, em considerações mais pessimista que a avaliação feita pelas autoridades do Fed em sua última reunião, a 16 de setembro. "A estabilização do nosso sistema financeiro é precondição essencial para a recuperação da economia." Os comentários de Bernanke podem alimentar as expectativas dos investidores de que o Fed venha a reduzir as taxas de juros até o final deste ano, a fim de atenuar o impacto da pior crise financeira já vivida pelo país desde a Grande Depressão, iniciada em 1929. "As recentes tensões na esfera financeira vão tornar os bancos ainda mais cautelosos com relação à concessão de crédito a consumidores e empresas", ressaltou Bernanke. "Os riscos de queda do crescimento continuam sendo, portanto, uma preocupação significativa", acrescentou. Bernanke está "grandemente inclinado a ver os riscos de queda do crescimento como muito maiores", afirmou James O""Sullivan, economista-sênior do UBS Securities , sediado no Estado norte-americano de Connecticut. "Se não conseguirmos alívio para o mercado de crédito, os riscos ao crescimento serão esmagadoramente maiores do que os referentes à inflação", disse. Depois de sua reunião de 16 de setembro, quando mantiveram os juros inalterados em 2% pela terceira vez consecutiva, as autoridades monetárias disseram que "o crescimento parece ter desacelerado recentemente." A sessão de esclarecimentos concedida ontem pelo presidente do Fed sinalizou que as restrições ao crédito desaceleraram a economia norte-americana em relação ao seu ritmo anualizado de 3,3% observado no segundo trimestre para um ritmo "consideravelmente inferior à sua taxa potencial". Ver também pág. B2(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)(Dow Jones Newswires e Bloomberg News)