Título: África do Sul quer redução de tarifas de importação
Autor: Ivanir José Bortot
Fonte: Gazeta Mercantil, 20/09/2004, Nacional, p. A-4

O cônsul geral da África do Sul, Derik Moyo, espera que o Brasil reduza as tarifas de importação para os produtos africanos, como instrumento de um maior equilíbrio na balança comercial entre os dois países. O Brasil obteve de janeiro a agosto de 2004 superávit comercial de US$ 451 milhões, um recorde histórico para o período.

As exportações brasileiras para a África do Sul renderam receitas da ordem de US$ 622,2 milhões, nos últimos oito meses, enquanto as importações ficaram em US$ 170 milhões.

"Precisamos construir uma relação comercial mais equilibrada com o Brasil. O desequilíbrio da balança deve-se, em parte, as elevadas tarifas de importações e aos entraves burocráticos, especialmente do Porto de Santos", disse Derik Moyo ao falar aos alunos de relações internacionais da Unibrasil, de Curitiba, em um seminário promovido pelo Noronha Advogados.

O desequilíbrio nas relações comerciais vem ocorrendo mais acentuadamente a partir de 2003, devido a política agressiva de venda de nossos produtos ao exterior e, em parte, como conseqüência da decisão brasileira de suspender a importação de álcool anidro em 1999.

Nos vinte meses de governo Lula, o Brasil construiu superávit comercial de US$ 980 milhões com a África, superior aos US$ 805 milhões obtidos na última década inteira. No período 1994 a 1998, quando aos africanos ainda podiam exportar álcool ao país, o saldo comercial a favor da África chegou a US$ 309,7 milhões.

Derik Moyo considera excessivos os tributos e os custos aduaneiros para ingresso de produtos africanos ao Brasil, em especial para os vinhos. "Isso restringe a importação de nossos produtos", disse o Moyo. Os principais produtos importados pelo país são hulha de carvão, ferro, chapas de alumínio, pedras preciosas, acetona, liga de alumínio, gás, entre outras matérias primas.

Em contrapartida, o Brasil vem ampliando a lista de produtos manufaturados que vende à África, e o frango passou a ser o alimento de maior peso na pauta das importações daquele país. Nestes oito primeiros meses, as receitas de pedaços de frango renderam ao Brasil US$ 36 milhões. O conjunto do setor de automóveis, autopeças e tratores, no entanto, é que vem sustentando o superávit comercial.

Moyo, que é cônsul geral para o Rio de Janeiro, São Paulo e Região Sul, considera o Brasil e a Índia parceiros estratégicos em projetos de desenvolvimento social, de comércio e investimento tecnológico. As três nações juntas possuem um mercado consumidor de 1,2 bilhão de pessoas. Estudos preliminares indicam que até 2007 a balança comercial dos três países poderia atingir um fluxo de comércio da ordem de US$ 10 bilhões anuais, envolvendo transferências de tecnologia, produtos e serviços de turismo.