Título: Governo vai à Justiça para tentar reaver jazida de silvinita no AM
Autor: Staviski, Norberto
Fonte: Gazeta Mercantil, 29/09/2008, Agronegócio, p. C7

Curitiba, 29 de Setembro de 2008 - Vendida numa licitação pela Petrobras há pouco mais de dois meses por R$ 151 milhões para a empresa canadense Falcon, a jazida de silvinita de Nova Olinda do Norte, na Amazônia, vai ser alvo de uma nova tentativa do governo para recuperar a concessão. "Estamos preparando medidas jurídicas para que a área volte a pertencer à estatal", disse ontem o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes. O Brasil importa 90% do potássio que consome - 7 milhões de toneladas anuais - e somente esta jazida teria condições de produzir pelo menos 2 milhões de toneladas anuais, com um investimento de R$ 3 bilhões. O potássio e outros ingredientes, como nitrogenados e fósforo para produzir fertilizantes agrícolas na fórmulação conhecida como NPK, subiram de preço em mais de 110% no prazo de um ano. A Petrobras detinha a concessão há mais de uma década e já havia tentado vendê-la várias vezes nos últimos anos. Reinhold Stephanes fez um balanço, numa reunião na Ocepar - Organização das Cooperativas do Paraná, sobre como anda a programação para que o Brasil se torne auto-suficiente em fertilizantes depois que, devido ao aumento brutal nos preços internacionais, o país se tornou "vulnerável" e a questão se tornou "estratégica" para o governo. "No final do ano teremos pronto o estudo que irá direcionar toda a estratégia de produção, mas em nitrogenados deveremos atingir a auto-suficiência em 5 anos, graças aos novos campos de gás descobertos pela Petrobras; na questão do fósforo, o Brasil possui jazidas que vão possibilitar, inclusive, sua exportação dentro de seis anos. O problema maior está no potássio, do qual tínhamos poucas notícias minerais e que só agora começamos a descobrir o potencial brasileiro e em que pretendemos chegar auto-suficiência em dez anos", disse o ministro. Segundo consta no mercado de minérios, a jazida de Nova Olinda do Norte é gigantesca: 400 quilômetros de extensão e cerca de 100 quilômetros de largura, totalmente negociados com a Falcon, com o que sua produção poderia ser ainda maior do que a anunciada nas primeira notícias sobre sua exploração. Esta jazida tem problemas técnicos de exploração, como a sua localização numa profundidade de mil metros e o lançamento de água salgada como subproduto da mineração, na confluência dos rios Madeira e Amazonas. "Acreditamos que pelo volume de água do rio Amazonas não haverá problemas com o sal até porque ele vai para o mar", disse o ministro. A área também não está bem dimensionada porque nas sondagens foram feitos furos a cada 100 mil hectares quando o tecnicamente indicado é a cada 2 mil hectares. O ministro disse que o governo também está apostando numa nova e gigantesca descoberta de potássio que só agora começa a ser pesquisada: "o gover-no recebeu um pedido de concessão de exploração em Alagoas, onde não havia qualquer informação de jazidas e isso chamou nossa atenção. São informações que estavam guardadas há décadas na Petrobras devido ao compromisso de sigilo dos geólogos e que só agora começam a chegar ao mercado. Fomos pesquisar e descobrimos que existe uma reserva entre os estados de Alagoas e Espírito Santo que pode vir a suprir toda demanda nacional", contou Stephanes. Segundo ele, "esta área só está começando a ser pesquisada (perfurada) agora e tem maiores facilidades de exploração porque está próxima do litoral". Stephanes confirmou também que o governo está promovendo reuniões contínuas com empresas como a Rio Tinto e a Vale do Rio Doce interessadas em começar a produção de fertilizantes e que " uma grande indústria para a produção de fósforo deverá ser instalada na região de Uberaba pela Petrobras, e que cinco novas e grandes jazidas foram anunciadas no país nos último meses. "Aonde não der certo a entrada do setor privado, é certa a entrada da Petrobras em parceria com a iniciativa privada. As cooperativas, por exemplo, poderão se tornar sócias da Petrobras", disse. Stephanes informou ainda que o Ministério da Agricultura deverá intensificar a divulgação de um programa de melhor uso do calcáreo para a correção do solo em todo o país porque, através dele, as culturas fixam melhor o nitrogênio e não há necessidade de aplicações mais elevadas de fertilizantes. (Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 7)(Norberto Staviski)