Título: Comércio e Doha ameaçados
Autor: Jr, Osmar Freitas
Fonte: Gazeta Mercantil, 01/10/2008, Internacional, p. A14

1 de Outubro de 2008 - Com a iminência de uma recessão na maior economia mundial, o comércio global será definitivamente afetado uma vez que o maior importador do planeta reduzirá suas compras, concordam os especialistas. "Haverá uma desaceleração nas trocas mundiais, mas o fato de a Ásia não ser tão dependente dos Estados Unidos ajudará também o comércio internacional a não retroceder", afirma o professor da Escola de Administração de São Paulo da Fundação Getulio Vargas, Ernesto Lozardo. Além disso, na conjuntura atual de crise financeira, a tendência é que os governos se tornem cada vez mais protecionistas, colocando no fundo da gaveta as negociações da Rodada Doha - para a liberalização do comércio global no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC). Para Lozardo, o professor de política internacional da Faculdade Santa Marcelina, Flavio Rocha de Oliveira, e a professora de macroeconomia do curso de Relações Internacionais da ESPM, Cristina Helena Pinto de Mello, as negociações de Doha estão comprometidas diante dessa crise. "Com essa crise, Doha está enterrada", afirma Cristina. Além disso, como os democratas são, tradicionalmente, mais protecionistas do que os republicanos, uma vitória de Barack Obama poderá definir o fracasso de Doha. O cenário crítico da economia dos EUA está abrindo caminho para o candidato democrata à Casa Branca para as eleições de 4 de novembro, avaliam os professores. Curiosamente apontado nas prévias do Partido Democrata pela rival na disputa pela indicação Hillary Clinton como muito menos experiente no quesito economia. "O programa econômico de Obama defende a redução de impostos para o cidadão da classe média, enquanto John McCain (candidato republicano) promete redução de impostos para as empresas. Veremos em quem os americanos confiarão", diz Cristina. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 14)(Rosana Hessel São Paulo)