Título: Congresso dos EUA rejeita pacote e espalha tensão nos mercados
Autor: Rocco, Nelson
Fonte: Gazeta Mercantil, 30/09/2008, Finanças, p. B1

São Paulo, 30 de Setembro de 2008 - A Câmara dos Deputados dos Estados Unidos rejeitou ontem, após votação, o plano do governo para a liberação de US$ 700 bilhões para socorrer o sistema financeiro. Foram 228 votos contra a medida e 205 favoráveis. Isso um dia depois de um acordo ter sido fechado para liberação dos recursos pedidos pelo secretário do Tesouro, Henry Paulson. Os deputados que defendem o pacote de prometeram empenhar-se para trazê-lo de volta à mesa de discussão o mais cedo possível. Mas o estrago já estava feito. As bolsas despencaram no instante seguinte ao anúncio do Congresso e não pararam mais de cair. A Bolsa de Valores de São Paulo, com a incerteza sobre os rumos do setor financeiro no mundo, viu o investidor vender seus papéis por qualquer preço, num movimento para se livrar do risco. Com isso, o principal índice da Bovespa chegou aos 10% de queda. O circuit-braker foi acionado, interrompendo o pregão, estratégia que não era acionada desde 1999, quando o câmbio deixou de ser fixo e passou a oscilar livremente. Ao final do dia, o Ibovespa registrou baixa de 9,36%, aos 46.028 pontos. Nenhuma ação do indicador, carteira composta pelos 66 papéis mais negociados, fechou em alta. A pergunta que se faz é até que ponto a economia brasileira está forte e blindada contra tais solavancos? Em Nova York, a deterioração foi semelhante. O Dow Jones, principal índice da Bolsa de Nova York, despencou 6,98%. O Nasdaq deve desempenho ainda pior: queda de 9,14%. Não se sabe para onde os mercados irão no pregão de hoje. Afinal, os principais pontos do pacote financeiro americano já estavam acertados entre democratas e republicanos pela segunda vez. E já haviam sido definidas até algumas ligeiras compensações para o cidadão americano caso as empresas que recebessem ajuda voltassem a dar lucro. Os prejuízos e baixas contábeis das empresas envolvidas na crise das hipotecas de alto risco já somam mais de US$ 590 bilhões. Muitos bancos já quebraram ou foram vendidos, marcando o fim de uma era para os festejados bancos de investimentos. Como disse a presidente da Câmara Nancy Pelosi, no domingo, ao anunciar a união dos parlamentares em torno da ajuda: a festa acabou para Wall Street. (Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)(Nelson Rocco)