Título: Vale treinará a mão-de-obra para investir US$ 4 bilhões em portos
Autor: Lorenzi, Sabrina
Fonte: Gazeta Mercantil, 30/09/2008, Empresas, p. C1
Rio de Janeiro, 30 de Setembro de 2008 - Um gargalo de US$ 4,05 bilhões movimenta a Vale do Rio Doce. A mineradora planeja investir US$ 1 bilhão por ano na expansão de portos até 2012, mas não há profissionais no mercado que dêem conta dos novos projetos. A realidade forçou a empresa a criar cursos próprios e a movimentar rapidamente a carreira de cada empregado no setor. Duas mil novas vagas serão criadas nos estados do Rio, Maranhão e Espírito Santo. A mineradora vai duplicar o porto Ponta da Madeira, no Maranhão, para dar vazão ao crescimento da produção de minério de ferro em Carajás, no Pará. A diretoria da empresa aprovou investimentos de US$ 3,6 bilhões para o projeto de expansão do porto. A empresa vai construir dois piers, além dos dois já existentes. Quatro empilhadeiras serão acrescentadas às oito que operam o porto. A zona portuária ficará com sete descarregadores de trens a partir da encomenda de quatro novos equipamentos. O número de pátios vai passar de cinco para seis. Tudo vai dobrar "Tudo vai dobrar, inclusive a nossa capacidade de exportação", afirmou à Gazeta Mercantil Humberto Freitas, diretor de portos e navegação da Vale. Os embarques do porto de São Luís devem passar de 130 milhões para até 260 milhões de toneladas nos próximos quatro anos. A produção de Carajás, neste mesmo ano, tem previsão de atingir 250 milhões de toneladas. Além de ferro e gusa, passam soja e manganês através do porto. Um novo porto no Espírito Santo, além de Tubarão, deverá ser construído para atender às necessidades da siderúrgica da Baosteel. Localizado em Anchieta, o projeto terá US$ 205 milhões e permitirá embarques de placas de aço ao mesmo tempo em que viabilizará a importação do carvão necessário às operações da usina dos chineses. "Este será um porto diferente dos demais, com estrutura voltada para o transporte de placas e carvão", explicou o executivo da Vale. Escassez de cursos Para o porto de Tubarão, a Vale destinará US$ 177 milhões para substituir algumas máquinas e ampliar a capacidade de embarque de 100 milhões para 120 milhões de toneladas. Além de minério de ferro, o porto capixaba também permite o transporte de soja, carvão, fertilizantes e derivados de petróleo (a Vale mantém um convênio com a Petrobras). A Vale também precisa de mão-de-obra para a zona portuária do Rio. Os portos de Guaíba e Itaguaí tendem a ampliar as exportações. "Não havia nenhum curso no Brasil para o setor até bem pouco tempo", afirmou Freitas. A escassez de cursos de formação profissional levou a mineradora a firmar convênios com o Cefet e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Amanhã, a companhia assinará contrato de parceria com o maior instituto de formação em Roterdã, na Holanda. "No Norte, vamos precisar de 36 supervisores. Vamos pegar nossos engenheiros e capacitá-los para isso. Vão fazer carreira rapidamente", afirmou Freitas. Cerca de 700 profissionais serão formados no próximo ano nos cursos apoiados pela Vale. Deyse Gomes, diretora de Educação e desenvolvimento corporativo da companhia, comenta que os novos projetos da Vale e a necessidade de mão-de-obra qualificada criaram uma oportunidades de rápida ascensão dos empregados, sobretudo no setor de portos. De técnico a engenheiro O técnico de hoje será o engenheiro de amanhã, formado pela própria empresa com muito curso de capacitação e bolsas de estudo. E o operador de máquinas poderá substituir o técnico. A maior parte das vagas será direcionada para as vagas mais básicas, com salários de R$ 1.500. Um engenheiro recém-formado que ingressar na companhia começa com cerca de R$ 3.500.(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 1)(Sabrina Lorenzi)