Título: Restrição afeta 25% dos produtores rurais
Autor: Batista, Fabiana
Fonte: Gazeta Mercantil, 02/10/2008, Agronegócio, p. B10

2 de Outubro de 2008 - Produtores rurais brasileiros estão com altas restrições de crédito nos bancos nacionais. Cerca de um quarto dos agricultores têm limitações para contratar recursos por comprometimento total ou parcial dos seus limites devido à renegociação de dívidas das safras passadas. Ontem, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou que vai antecipar R$ 5 bilhões à agricultura para sanar o problema. (ver também na página B3). De acordo com dados do Banco do Brasil (BB), de todo o volume da carteira rural da instituição, que é de R$ 60 bilhões, R$ 15 bilhões têm no saldo todo ou em parte dele prorrogação de dívidas nos últimos quatro anos. Luiz Carlos Vaz, diretor de Agronegócios do BB, garante que esse volume diminuiu neste ano, devido a aumento de pagamentos em 2007. Mas, os produtores que estão classificados com risco alto não estão tendo crédito liberado. "Um produtor que tem prorrogadas dívidas de quatro safras possivelmente está com alto risco. Não tem como rever essa classificação e liberar o custeio", justifica Vaz. Essa restrição possivelmente afeta também os produtores que renegociam as dívidas contraídas entre as safras 2003/04 e 2005/06, sobretudo os de Mato Grosso e Rio Grande do Sul, que têm mais quatro anos para pagar, de acordo com a resolução 3597 do Conselho Monetário Nacional. Mas, Vaz garante que até agora, as liberação de dinheiro para custeio estão 70% superiores ao realizado no mesmo período do ano passado - foram até o momento R$ 4,155 bilhões, ante os R$ 2,432 bilhões do final de setembro de 2007. "E vamos continuar liberando em ritmo mais acelerado. Até outubro, a meta é contratar mais R$ 1,2 bilhão", acrescenta o executivo do BB. O agravamento da crise de crédito às vésperas do plantio aliado à queda abrupta das cotações das commodities agrícolas devem comprometer a área plantada nesta safra. A Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) não possui uma avaliação neste momento sobre esse impacto, estudo que está sendo realizado no momento. Mas, em alguns estados, onde a participação do crédito oficial ofertado pelo BB é baixa e não outras alternativas disponíveis, já se fala em redução de área cultivada. O maior impacto recairá no algodão, cujo custo de produção por hectares é três vezes maior que o da soja, por exemplo. Só em Mato Grosso, estado líder na produção dessa commodity, o recuo, que estava estimado em 10% a 15%, pode superar os 20%, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola. No Paraná, levantamento da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) feito ontem com a maioria das cooperativas paranaenses e com os diretores regionais do BB identificou que a crise de crédito ainda não chegou ao Paraná e que os recursos prometidos para a atual safra estão sendo liberados normalmente. "O Banco do Brasil nos assegurou, inclusive, que se houver demanda maior do que a já prevista, o banco vai conseguir atendê-la", disse João Paulo Koslowski, da Ocepar. (Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 10)(Fabiana Batista e Norberto Staviski)