Título: Indústria reduz ritmo de atividade em agosto, diz CNI
Autor: Severo, Rivadavia
Fonte: Gazeta Mercantil, 08/10/2008, Nacional, p. A5

Brasília, 8 de Outubro de 2008 - O ritmo do crescimento industrial se acomodou em agosto, depois de dois meses de alta intensa, segundo a pesquisa Indicadores Industriais, divulgada ontem, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A entidade justifica esse arrefecimento, porque o mês de agosto foi comparado com junho e julho, períodos em que o desempenho da indústria foi muito bom, além de que agosto teve dois dias úteis a menos do que os meses anteriores. A pesquisa mede os indicadores da indústria como o faturamento das empresas, as horas trabalhadas na produção, a massa salarial, o emprego e a utilização da capacidade instalada do setor. Na comparação entre agosto de 2007 e agosto de 2008, o faturamento real cresceu 0,8%, as horas trabalhadas 3%, o pessoal empregado 4% e a massa salarial 3,6%. Mas quando os dados são comparados com julho de 2008, há retração do faturamento em 5,6%, nas horas trabalhadas em 0,9% e na massa salarial em 2,3%. Somente o emprego continuou crescendo 0,3%. Já a Utilização da Capacidade Instalada (UCI) se mantém no mesmo patamar. Era de 83,7% em agosto de 2007 e agora está em 84,1%. Em julho era de 83,9%. Para os economistas da CNI, isso significa que há investimentos em bens de capital, porque a UCI está estabilizada, ao mesmo tempo que o emprego e as horas trabalhadas continuam crescendo. Os setores que puxam o desempenho da indústria são o de máquinas e equipamentos, veículos automotores e outros tipos de veículos como motos e aviões, além de segmentos como papel e celulose e refino e álcool. Na outra ponta do desempenho, estão setores que já apresentavam problemas "de preços e câmbio", como madeira e química que registraram quedas no faturamento de 10,6%, 8,3% respectivamente e alimentos e bebidas que teve leve retração de 0,4%. Segundo o economista chefe da CNI, Flávio Castelo Branco, os resultados não foram influenciados pela crise financeira internacional. "Seus efeitos somente serão sentidos a partir de 2009, pois 2008 está ganho", disse o economista. "Se daqui para a frente o crescimento for zero, ainda assim teremos uma alta de 6,8% no faturamento, devido ao efeito carregamento." Para ele, a influência da crise na economia real será "quase nulo em 2008". Segundo Castelo Branco, o recuo do faturamento de 2,3% em relação a julho não significa que seja uma tendência para os próximos meses. "Trata-se de um movimento normal, em que há queda em um mês e depois recuperação em um patamar maior", disse ele. A variável horas trabalhadas na produção é a que está mais próxima da produção industrial e a sua queda de 0,9% em relação a julho tem a ver com os dois dias a menos trabalhados em agosto. O mesmo ocorreu com a massa salarial, com retração de 2,4% frente a julho. "Esse indicador vem registrando alternância entre variações positivas e negativas. Mas ela deve responder em setembro quando teremos mais dias úteis", disse o economista Marcelo de Ávila, da CNI. Já o emprego cresce de forma ininterrupta há 33 meses na comparação com o mês anterior. São 15 os setores que registram incremento do emprego e somente quatro que mostram variação negativa. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 5)(Rivadavia Severo)