Título: Crescimento do número de idosos altera perfil do País
Autor: Morais, Márcio de
Fonte: Gazeta Mercantil, 08/10/2008, Nacional, p. A7

Brasília, 8 de Outubro de 2008 - O Brasil está deixando de ser um país de jovens e entrando em um novo perfil de estrutura populacional, com envelhecimento da população e crescimento da faixa etária de idosos, informou ontem o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Em termos populacionais, alertou a instituição, o Brasil será em 2030, quando alcançar (204,3 milhões), o que o Japão ou a Europa são hoje "países com grande população idosa e necessidades cada vez maiores de políticas públicas para ocupar a pessoa madura e retardar o fim da idade economicamente ativa". O fim do Brasil de jovens e a transição para um novo perfil populacional, em que o envelhecimento avança e requer adaptações até do mercado de trabalho, é decorrência da redução da taxa de fecundidade da população brasileira para 1,83 filho por mulher em 2007, detectada pelos técnicos do Ipea. "A taxa está abaixo do nível de reposição da população, que é de 2,1", esclarece Ana Amélia Camarano, chefe do Grupo Técnico de População e Cidadania do Ipea. Sem reposição, a população vai manter a tendência de redução. Essa queda, segundo Ana Amélia, iniciou-se na segunda metade da década de 1960 e tem dois resultados: desaceleração do ritmo de crescimento da população e mudança na estrutura etária nacional, o que reduzirá em 3,2 milhões o número de brasileiros a partir de 2030. O estudo indica que em 2035, essa queda vai restabelecer o nível populacional do ano 2020, de cerca de 200 milhões. Esse é o quadro da situação populacional brasileira, de acordo com a edição das "Primeiras Análises" do Ipea sobre os temas Demografia e Gênero, relativas à Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (PNAD) de 2007. O estudo foi divulgado ontem pela instituição, que é vinculada ao Ministério do Planejamento. E também revela que a mulher brasileira continua sobrecarregada com os afazeres domésticos, mesmo após ter vencido a barreira de entrada no mercado de trabalho e, em muitos casos, prover o sustento dos filhos e assumir a responsabilidade pela casa, na condição de chefe da família. A pesquisa identificou um aumento de famílias chefiadas por mulheres, de 4,2% em 1992, para 23,5% em 2007. "Isso muda a relação familiar, que antes tinha a mulher no papel de cuidadora e, o homem, de provedor", observou Ana Amélia. As mulheres chefes de família ainda dedicam muito mais tempo aos afazeres domésticos que os homens, comprovou o estudo. Enquanto uma mulher chefe de família aposentada dedica 39,5 horas semanais ao lar e, as que trabalham fora, 24,1 horas, o homem chefe aposentado só despende 14,4 horas com as atividades do lar e, o que ainda está ativo, apenas 9,2 horas. "Há ainda muita resistência à igualdade de condições entre homem e mulher no trabalho doméstico", reconheceu o diretor da Área Social do instituto, Jorge Abrahão. Os dados do PNAD mostram que a população menor de 15 anos, que em 1992 respondia por 33,8% do total, baixou para 25,2% em 2007, enquanto a de idosos já responde por 10,6% - embora eles fossem apenas 7,9% em 1992. Também a população em idade ativa aumentou a participação, de 58,3% para 64,2%. A proporção da população mais idosa também está em expansão, de 1% (em 1992) para 1,4% (2007). Já são mais de 1,6 milhão de pessoas com mais de 80 anos. "Isso aumenta a demanda por cuidados de longa duração e requer pagamento de benefícios previdenciários e assistências por período de tempo mais longo", observou. Já a participação do grupo jovem (15 a 29 anos) chegou ao pico no ano 2000, com tende a entrar em declínio acentuado a partir de 2010, segundo o Ipea. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 7)(Márcio de Morais)